Conhecido como axolote, um certo tipo de salamandra de aquário não se desenvolve na fase de larva, permanecendo com “jeitinho de bebê” mesmo quando adulto. Essa criatura, muitas vezes criada como pet, conserva durante toda a vida suas brânquias externas, uma característica do estado larval.
Além disso, esse animal, de nome científico Ambystoma mexicanum, é capaz de regenerar membros e tecidos perdidos, como pele, fígado, mandíbulas e córneas, podendo, inclusive, repor neurônios em áreas cerebrais feridas.
Ocorre que a regeneração do cérebro requer a coordenação de respostas complexas de tempo e região de forma específica. Por isso, cientistas chineses quiseram entender como esse processo se dá nos axolotes.
Pesquisadores do atual BGI Group, antes conhecido como Instituto de Genômica de Pequim, uma empresa de ciências da vida com sede em Shenzhen, na China, aplicaram uma tecnologia inovadora para reproduzir a arquitetura cerebral de um axolote durante processos de desenvolvimento e regeneração.
Pode-se dizer que os resultados, descritos em um artigo publicado sexta-feira (2) na revista Science, fornecem um mapeamento do cérebro da criatura, apresentando novas percepções sobre a natureza da regeneração cerebral, como, por exemplo, quais tipos de células agem em cada momento específico.
Conhecida como Stereo-seq, a tecnologia empregada também permitiu, em um segundo momento, verificar as semelhanças e diferenças entre a formação de neurônios durante o desenvolvimento padrão do animal (desde a eclosão do ovo até a idade adulta) e durante a regeneração.
Os cientistas observaram a transformação de células-tronco neurais em células progenitoras, posteriormente em neurônios imaturos e, finalmente, em neurônios maduros – o que acontece exatamente da mesma maneira nos dois processos.
Isso significa que, após uma lesão, o organismo da criatura induz as células-tronco neurais a se converterem para um estado de desenvolvimento rejuvenescido, começando assim o processo de regeneração.
“Identificar os tipos e moléculas celulares envolvidos na regeneração cerebral dos axolotes avançam nossa compreensão sobre esse processo”, explicam os autores, destacando que seu estudo e outras abordagens aprofundadas do assunto podem oferecer potenciais alvos para pesquisas de medicina regenerativa em humanos.
Texto publicado originalmente em OLHAR DIGITAL
Comentários