A 6ª feira (9/9) dos paulistanos começou com um cheiro estranho no ar. Em diversos pontos do estado as pessoas sentiram um cheiro de queimado e enxergaram uma pluma cobrindo o céu no começo da manhã.
Nada disso é surpreendente – afinal, trata-se da maior metrópole da América do Sul, que convive há décadas com poluição atmosférica, um problema que se torna crônico nos invernos.
No entanto, imagens de satélite mostram que a origem dessa pluma pode estar a milhares de quilômetros de distância de SP, no sul da Amazônia. CNN Brasil, Folha e Jovem Panrepercutiram o fato.
O cientista Eduardo Landulfo, do IPEN, explicou ao Amazônia Real esse fenômeno: a junção das fortes queimadas que atingem a Amazônia nas últimas semanas com a chegada de uma frente fria ao Sudeste criaram um “corredor” de fumaça que carregou a fuligem dos incêndios amazônicos para o céu de SP.
“Você vê uma ‘língua’ enorme de material particulado e é isso que, com a umidade, cria aquela sensação de quase neblina, um smog, formando um cenário mais desfavorável para a qualidade do ar”, disse. “Quando há queima [da floresta], todo o material particulado é levado para cima, e pelas condições meteorológicas, elas vão atingindo diferentes níveis, podendo subir ou descer. Se você sente o cheiro de fumaça, é porque ele [material particulado] realmente caiu”.
A pluma também foi observada em outras partes do Sudeste e do Sul do Brasil. O g1 registrou o céu acinzentado e o cheiro de fumaça em Presidente Prudente, no interior de SP, e em Florianópolis, em Santa Catarina. No Mato Grosso do Sul, o siteCampo Grande News também reportou a névoa no céu da capital do estado, também decorrente do “corredor de fumaça” que se formou a partir da Amazônia.
Já na Amazônia, a primeira quinzena de setembro tem tudo para ser uma das mais devastadoras já registradas. Só na primeira semana do mês, o total de focos de incêndio registrados pelo INPE superou a somatória para todo o mês de 2021: de 1o a 7 de setembro, foram identificados 18.374 focos, bem acima dos 16.742 de todo o mês de setembro do ano passado.
Se continuarmos nessa toada, este mês pode fechar com números superiores à média histórica para setembro (32,1 mil). A Folha deu mais informações.
A omissão do governo federal coloca em risco não apenas os mais de 150 mil hectares de floresta dentro da reserva, mas também a vida dos sobreviventes desta etnia, praticamente arrasada no último século e que hoje somam cerca de 60 pessoas apenas. Para piorar, como assinalou Carlos Madeiro no UOL, os Karipuna agora sofrem com as queimadas criminosas realizadas pelos invasores em suas terras.
Em tempo: O Povo Karipuna vive sob cerco. Há quatro anos, eles aguardam que o poder público cumpra sua responsabilidade e proteja a Terra Indígena homônima, em Rondônia, de madeireiros e grileiros que seguem atuando no território.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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