Pesquisa Poder Data/ICS mostra que 69% do público levará em consideração propostas para a proteção da Amazônia ao votar
Se em 2018 a corrupção deu o tom da campanha eleitoral, tornado as discussões sobre o tema vital para a vitória de Jair Bolsonaro, então no PSL. Na eleição deste ano, esta não é a preocupação central dos brasileiros na hora de definir o voto. Com as graves crises sociais, econômicas e ambientais vividas desde a posse de Bolsonaro, outras questões preocupam o eleitorado, incluindo a preservação da Floresta Amazônica.
Para 83% dos entrevistados, as propostas para a proteção da Floresta Amazônica devem ser prioridades para os candidatos à Presidência da República, enquanto 14% afirmaram não haver essa necessidade; 3% responderam não saber.
É o que aponta pesquisa do Poder Data, encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS). Para 4% do público entrevistado, a Amazônia está entre os principais temas do futuro que devem ser debatidos nas eleições de 2022. O número pode parecer pequeno, mas supera a corrupção (3%), que definiu os rumos da disputa eleitoral de quatro anos atrás.
A pesquisa quis saber qual seria a influência de propostas para a preservação do bioma, apresentada nas propostas dos candidatos a presidente, na hora do eleitor decidir o voto. De acordo com os resultados, 69% afirmam que isso aumentaria as chances de voto, enquanto 23% afirmaram que não faria diferença.
Assim, como na avaliação geral do governo Jair Bolsonaro – considerada ruim ou péssima pela maioria da população – o mesmo se dá em suas políticas (ou a falta delas) de proteção da mais importante floresta tropical do mundo. Mais da metade, 51%, de entrevistados avaliaram como ruim e péssima as ações do governo federal para a Amazônia. Para 22% estas são regulares, e 18% a definiram como ótimo e bom.
No momento em que o Brasil enfrenta grave crise social, com mais de 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar e o retorno do país ao mapa da fome, o Poder Data/ICS quis saber como a população relaciona essa questão com a proteção da Amazônia. Para 69%, proteger a floresta impacta positivamente a questão da fome no Brasil. Já 17% disseram não ter impactos.
Além de ser essencial para a sobrevivência da humanidade por sua regulação do clima, a proteção da Amazônia é essencial para a economia brasileira. As relações comerciais do país com o exterior tem como uma das condicionantes a manutenção da floresta em pé. Durante a gestão Bolsonaro, o país enfrentou ameaças de sanções a compra de commodities agrícolas por conta do aumento da devastação do bioma.
Portanto, preservar o maior patrimônio natural do país é importante para a economia, levando a uma recuperação que possibilite o combate à fome. Essa é a percepção de 74% dos entrevistados pelo Poder Data/ICS. Na outra mão, 17% dizem que a Amazônia não é importante para o desenvolvimento econômico.
A desastrosa condução da política ambiental pelo governo Bolsonaro, que resultou no aumento do desmatamento em todos os biomas, pode ser a causa para colocar a proteção da Amazônia entre as preocupações da população nas eleições de 2022. Foi durante seu mandato que o bioma registrou o aumento das taxas de desmatamento e os maiores índices de queimadas das últimas décadas.
Apenas em 2021, de acordo com o Relatório Anual de Desmatamento (RAD0, elaborado pelo Mapbiomas, o bioma perdeu mais de 977 mil hectares de vegetação nativa. O avanço da devastação da Amazônia acontece ao mesmo tempo em que o mundo vive a aceleração dos processos de mudanças climáticas, com secas e enchentes extremas. Tudo isso fez ressuscitar o debate sobre a importância da floresta para o equilíbrio do clima no Brasil e no Planeta.
Jovens pela floresta
Essa conscientização, como mostra a pesquisa Poder Data/ICS, se dá entre os mais jovens. A faixa etária que aponta a Amazônia como um dos principais temas a serem debatidos nas eleições está entre 16 e 24 anos: 17%. São os jovens que mais tendem a ser impactados com as mudanças do clima num futuro não tão distante.
A análise ainda aponta que a preocupação com a proteção do bioma se dá entre a fatia da população com renda de cinco salários mínimos ou mais: 11%. Quando se avalia a localização, vê-se que os moradores da região Norte, onde está a maior parte da Amazônia, são os que mais apontam a necessidade de inserir a floresta entre as questões mais importantes no debate eleitoral: 15%.
Quando se considera a religião dos entrevistados, aqueles que se definem sem religião são os que mais colocam a Amazônia como prioridade: 10%.
Perguntados sobre a importância da Floresta Amazônica para o futuro do Brasil, 77% responderam ser muito importante; outros 13% disseram mais ou menos importante, seguido por pouco importante (6%), não tem importância (1%) e não sabe (3%).
Apesar de a maioria considerar a preservação da floresta muito importante, a proporção dos que afirmam não estar muito bem informados sobre os acontecimentos da região é maior do que as de quem alega estar por dentro dos fatos: 58% a 42%. Chama a atenção o fato de a maior quantidade de desinformados estar no Norte: 69%.
Indagados sobre com qual frequência sabem de notícias relacionadas ao bioma, 43% responderam sempre. Outros 40% falaram de vez em quando, e 11% raramente. A maior parte (28%) diz ter ouvido falar sobre a Amazônia por meio da televisão. Redes sociais (20%) e portais de notícia (19%) surgem logo em seguida. O WhatsApp é citado por 7% do público pesquisado, mesmo percentual do rádio.
Entre as faixas de idade, a que mais afirma se informar sobre a Amazônia é a entre 45 e 59 anos: 29%. Já os jovens afirmam usar mais os sites e portais de notícia: 19%.
Fonte: O Eco
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