Por DÉBORA SPITZCOVSKY – The Greenest Post
Em um terreno de cerca de 200 mil m² no Jardim São João, na cidade de Guarulhos, em São Paulo- Brasil, está estabelecida hoje a Ocupação Maria da Penha. O local, que estava abandonado, virou lar de cerca de 2 mil famílias do MTST, o Movimento de Trabalhadores Sem-Teto, seguindo todas as diretrizes do Plano Diretor do município.
O direito à moradia veio, mas a população do local ainda sofria muito com a falta de outro direito básico: o acesso à água. O desafio foi abraçado por jovens do próprio MTST que, juntos, implementaram a Quebrada Agroecológica, iniciativa que visa garantir água de reúso para as atividades do dia a dia da comunidade.
Com financiamento de R$ 2,6 mil, proveniente de um edital promovido pelo Unicef, o Fundo de Emergência Internacional da ONU para a Infância, os jovens construíram 4 cisternas na ocupação para captar água da chuva. As caixas d’água são ainda conectadas a canos de evasão, que garantem que, quando cheias, possam escoar o recurso para outras caixas d’água, evitando qualquer desperdício.
Trata-se de um projeto modular, de fácil expansão, que desde setembro deste ano está garantindo água de reúso para as cerca de 2 mil famílias da ocupação para atividades do dia a dia, como faxina e descarga. O recurso também é usado para regar a horta comunitária do local, que cultiva alimentos e ervas medicinais para a população. Atualmente, cerca de 15 cozinhas coletivas do MTST são abastecidas por cultivos desta horta.
Conferência da ONU para o clima
Durante a COP27, a Conferência da ONU para Mudanças Climáticas, o projeto Quebrada Agroecológica foi um dos ganhadores do Prêmio ImaGen Ventures, que reconhece “as mais brilhantes iniciativas implementadas por jovens inovadores de todo o mundo para melhorar a qualidade de vida em suas comunidades e contribuir para o enfrentamento às mudanças climáticas“.
Foi a primeira vez na história que um projeto brasileiro ganhou o reconhecimento, que nesta edição estava sendo disputado por outros 90 jovens de 45 diferentes países.
Agora, com o prêmio de R$ 60 mil, o Quebrada Agroecológica pretende expandir ainda mais seu trabalho e instalar, pelo menos, uma cisterna em cada Cozinha Solidária do MTST. A expectativa é de que, pelo menos, 16 mil famílias do movimento, que vivem hoje em situação de vulnerabilidade, sejam beneficiadas pela iniciativa.
Texto publicado originalmente em The Greenest Post
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