Política ambiental
O próximo governo brasileiro terá um desafio tremendo na política externa: superar o isolamento político no qual o país se enfiou nos últimos anos, principalmente por causa do descontrole do desmatamento e do interesse mínimo do atual presidente com a agenda climática. Assim, uma retomada da política externa passará primordialmente por uma recuperação da política ambiental brasileira. O diagnóstico é do embaixador Rubens Barbosa, um dos nomes mais destacados do Itamaraty nas últimas décadas.
“Se o Brasil quer entrar na OCDE, se quer aprovar o acordo com a União Europeia, isso passa pela política ambiental. Isso tudo pode ser prejudicial aos interesses brasileiros, não só aos interesses do governo, como aos interesses do setor privado”, afirmou Barbosa em entrevista ao Estadão. O ex-embaixador brasileiro nos EUA participou de um esforço recente de pesquisadores da Universidade de São Paulo para analisar a atuação diplomática do Brasil na agenda ambiental e o cumprimento de seus compromissos internacionais.
Alheio às cobranças e ao isolamento, o presidente Jair Bolsonaro voltou à carga nesta 5ª feira (25/8) contra governos estrangeiros por críticas à política ambiental brasileira. “Nenhum desses que nos atacam possui autoridade para fazê-lo. Se queriam uma linda floresta para chamar de sua, que tivessem preservado as de seu próprio país”, escreveu Bolsonaro em um post no Twitter. O Metrópoles também repercutiu a provocação presidencial.
Enquanto isso, a candidata à Presidência Simone Tebet prometeu durante sabatina realizada por O Globo, Valor e CBN que, caso eleita, buscará o desmatamento ilegal zero em todos os biomas brasileiros durante seu governo. “O desmatamento ilegal é zero. Só isso resolve o problema com o Acordo de Paris. Se é ilegal, não pode servir para o Cerrado, para a Caatinga, para os Pampas gaúchos, para nada”, disse a presidenciável do MDB. Tebet também defendeu a demarcação de Terras Indígenas, dizendo ser contra “toda invasão dessas áreas antes, seja por um lado, seja por outro”.
Em tempo: O ministro Joaquim Leite incorporou o espírito provocador de seu chefe. Em evento com industriais em São Paulo na última 3ª feira (23/8), ele afirmou que teria questionado um diplomata da Alemanha sobre a busca do país por novos fornecedores de gás natural e carvão enquanto o país critica o Brasil pelo desmatamento na Amazônia. “Eles foram buscar gás no Catar e uma crítica minha ao embaixador alemão foi: espera um minuto, vocês vão buscar gás de um país que não protege minorias e vêm aqui falar de desmatamento, de índio, daquilo, de quilombola? Mas quando você precisa do seu gás, esquece tudo aquilo e corre lá?”, disse Leite. A notícia é da Folha.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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