Agentes da Polícia Federal se deslocaram nesta 4ª feira (27/4) até a comunidade Aracaçá, na Terra Indígena Yanomami, palco do bárbaro assassinato de uma adolescente indígena por garimpeiros no começo da semana. De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Considi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, a jovem de apenas 12 anos de idade teria sido raptada e violentada sexualmente por garimpeiros, falecendo depois em decorrência dos ferimentos. Uma criança de três anos, que foi atirada no rio junto com a mãe pelos criminosos, segue desaparecida.
Junto à equipe da PF, fazem parte da comitiva representantes da FUNAI e do Ministério Público Federal (MPF), além de oficiais do Exército e da Força Aérea Brasileira. O acesso à comunidade, localizada na região do Waikas, é bastante difícil, o que exige deslocamento aéreo por avião e helicóptero. Os agentes farão as diligências preliminares na área e permanecerão em campo para garantir a segurança dos indígenas. O Condisi-YY pede também que o corpo da jovem assassinada seja levado até Boa Vista, capital de Roraima, para análise do Instituto Médico Legal.
“As denúncias da situação dramática em que vivem os Povos Indígenas é um pedido de socorro que eles fazem ao Brasil. Porque não adianta mais pedir ao governo. O governo é aliado dos garimpeiros ilegais”, comentou Míriam Leitão n’O Globo. “Como podemos conviver com o extermínio dos Povos Indígenas? Estão matando crianças”.
Enquanto isso, a líder indígena Milena Mura levou até a 21ª sessão do Fórum Permanente da ONU para Questões Indígenas o drama dos povos brasileiros e a omissão criminosa do governo federal no combate ao garimpo ilegal. “A mineração em Terras Indígenas é um genocídio para nós, porque nos afeta diretamente, trazendo impactos ambientais, sociais, pesando em nossas tradições, nossa cultura e costumes”, afirmou Mura, citada pelo CIMI. “Temos nossa paz interior e dentro de nossas aldeias, e a mineração e o garimpo a tiram de nós”.
CNN Brasil, Estadão, g1, O Globo e Metrópoles destacaram a ação da PF na Terra Yanomami. No exterior, a Reuters também repercutiu o caso.
Em tempo: No UOL, Jamil Chade informou que relatores de Direitos Humanos da ONU estão cobrando explicações do governo brasileiro sobre intimidações e ameaças sofridas por representantes indígenas que participaram da Conferência do Clima de Glasgow (COP26), no ano passado. Um dos principais casos é o da líder Alessandra Korap Munduruku, que foi vítima de ameaças depois de se manifestar publicamente contra a política socioambiental do atual governo federal. Ao retornar ao país, Alessandra também foi alvo de ataques, como a invasão e a vandalização de sua casa, bem como o roubo de pertences pessoais.
Fonte: Clima Info
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