Redução do hábitat e diminuição de predadores naturais fazem com que vírus se espalhe para áreas urbanas, aponta pesquisa de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O Brasil responde por 36,5% do total de 2,7 milhões de casos de dengue registrados em 2020 no mundo – sendo mais da metade desse total nacional registrada no Cerrado. E o aumento no número de casos de dengue no bioma está diretamente ligado ao avanço da destruição do bioma. É o que revela um estudo de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) publicado na revista científica PLOS.
Os autores projetam um aumento considerável de casos em 2030 se o desmatamento continuar no ritmo atual. O estado que mais preocupa é Minas Gerais, onde os registros de casos dobrariam, dos atuais 2,2 mil casos por 100 mil habitantes para 4 mil por 100 mil habitantes. Para os autores, o país terá que controlar o desmatamento e adotar novas políticas ambientais e de saúde pública para reverter essa tendência.
O estudo teve como objetivo avaliar a relação entre a perda de vegetação nativa no Cerrado e a infecção por dengue. Os pesquisadores quantificaram toda a área desmatada e casos de infecção por dengue de 2001 a 2019, prevendo ainda a perda de vegetação e casos de febre dengue para a próxima década.
“Nossos resultados mostraram aumentos significativos na perda de vegetação nativa em todos os estados, com exceção do Piauí. Quanto aos casos de dengue, houve aumento nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso. Com base nas projeções para 2030, Minas Gerais registrará cerca de 4.000 casos de dengue por 100.000 habitantes, São Paulo 750 casos de dengue por 100.000 habitantes e Mato Grosso 500 casos de dengue por 100.000 habitantes”, apontam os autores.
Para reduzir essas projeções, os cientistas descrevem que o Brasil precisará controlar o desmatamento e implementar políticas de saúde pública, ambientais e sociais, exigindo um esforço conjunto de todas as esferas da sociedade.
Fonte: Um Só Planeta
Comentários