Neste 22/2/2022, uma conjugação numérica e cósmica extremamente benéfica a comunidade humana, mais um evento da parceria São Paulo e Amazonas em suas instituições de pesquisa. Adalberto Luís Val e Jacques Marcovitch, Inpa e USP coordenam um trabalho de extrema importância da colaboração entre as fundações de pesquisa do Amazonas e de São Paulo – FAPESP FAPEAM – em torno de algumas espécies nativas com alto teor comercial e científico. Ambos são, de quebra, co-fundadores do portal Brasil Amazônia agora. Participe do Workshop de Bioeconomia! Confira o bate-papo com o professor Jacques Marcovitch!
Por Alfredo Lopes
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BAA – Bioeconomia é a vocação econômica e ecológica de negócios mais adequada para Amazônia. Que medidas você recomenda para que o avanço seja expandido em várias direções em favor da população?
JM – Repensar a bioeconomia na Amazônia inclui a montagem de uma sólida base de dados específicos, levando a um processo mais dinâmico, transparente e sustentável de comercialização dos produtos renováveis da natureza. Trata-se de uma bioeconomia imbuída da cultura de inovação para promover princípios éticos centrados no compromisso social, no saber científico, no respeito às culturas tradicionais que prosperam no Bioma Amazônia. Para isso, as cadeias de valor da bioeconomia deveriam se constituir numa fonte durável de geração de renda, benefícios e bem-estar para as populações locais. Um novo modelo de bioeconomia requer estatísticas confiáveis e, para tanto, as universidades e os institutos de pesquisa podem prestar boa ajuda com indicadores adequados.
BAA – Castanha, açaí e pupunha são espécies já domesticadas para reflorestamento. Em que medida essas culturas podem ajudar a combater o desmatamento e criar novos negócios?
JM – Tomemos o caso da cartanha. De acordo com a tabela do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que entrou em vigor em janeiro de 2022, o preço mínimo da castanha em casca no Estado do Amazonas é de R$ 2,90 por quilo, podendo alcançar R$ 7,00 por quilo no início da safra. Esse produto, rico em selênio, corretamente beneficiado e embalado, alcança o equivalente a R$ 80,00 por quilo em supermercados. Neste caso, a participação do extrativista no preço pago pelo consumidor final variaria de 4% a 9%. No mercado europeu, esse mesmo produto orgânico, importado via Bolívia (país que conseguiu implantar um rigoroso controle de aflatoxinas), o preço ao consumidor pode alcançar o equivalente a R$ 240,00 por quilo. Neste caso, levando em conta o preço mínimo corrente determinado pelo MAPA, a participação do extrativista no preço pago pelo consumidor final se reduziria para 1% a 3%.. Para ajudar a combater o desmatamento e criar novos negócios , uma prè-condição é assegurar preços que remunerem dignamente o trabalho do produtor e os serviços socioambientais associados à conservação da floresta.
BAA – A parceria com a Universidade de São Paulo tem servido para expandir a qualificação de nossos quadros e a prospecção de oportunidades. E o desafio agora é mapear o mercado da sustentabilidade. Como você enxerga esse desafio?
JM – A parceria INPA/USP, apoiada pela FAPEAM e FAPESP, almeja contribuir para o aprimoramento da sustentabilidade das cadeias de valor da biodiversidade no Estado do Amazonas, com alto potencial de consumo no Estado de São Paulo. Para isso estão sendo analisados localmente os componentes das cadeias produtivas e identificados os fatores inibidores e propulsores. As soluções almejadas têm por foco a geração de renda, benefícios e emprego para as comunidades locais. Quanto às recomendações para promover a sustentabilidade, estas incluem entre outras, a rastreabilidade, a certificação, a comercialização em escala para promover desenvolvimento humano e na conservação da natureza. Para apoiar a expansão as competências locais e a qualificação de quadros, todo o conhecimento construído está sendo disseminado via o portal (https://bioeconomia.fea.usp.br/).
Inscreva-se até o dia 21 de fevereiro de 2022
Evento on-line. Inscreva-se para receber as instruções de acesso para participação e colaboração!!!
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