Na percepção de Tania Casado, as profissões que lidam diretamente com interação humana e objetos de uso comum foram as mais afetadas
Cientista de dados. Engenheiro de Inteligência Artificial. Desenvolvedor de software. O que essas profissões têm em comum? Todas são profissões do futuro, com destaque para a área de tecnologia da informação. Mas a pandemia nos mostrou que esse futuro estava mais próximo do que se imaginava. Impulsionadas pelo isolamento social, as áreas de atuação envolvidas diretamente com tecnologia deram um salto para frente e diante das atuais demandas foram transformadas.
Tania Casado, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e diretora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras (ECAr) da Universidade de São Paulo, explica que as transformações são naturais e que a pandemia foi apenas um estopim para as mudanças vistas hoje.
Além de impulsionar, o isolamento social também pode ter suas desvantagens. Na percepção de Tania, as profissões que lidam diretamente com interação humana e objetos de uso comum foram as mais afetadas. “A gente teve que se adaptar. É natural que essa necessidade acabe trazendo demandas de trabalho, tecnologias, produtos e serviços que vão afetar e pedir mais pessoas dessas áreas”, explica.
Carreiras do futuro
O ECAr realizou a pesquisa Carreiras do Futuro em 2019, com o objetivo de estabelecer as principais grandes áreas de atuação no mercado de trabalho. De acordo com o estudo, as dez principais áreas em ascensão são: educação, energia, entretenimento, ética, infraestrutura, inovação, saúde, segurança, socioambiental e transformação digital. “Então, por exemplo, na área de infraestrutura se viu muitas áreas se adaptando ao isolamento”, explica Tania.
Tania diz que, mesmo com a reavaliação da pesquisa após a pandemia, as áreas de atuação se mantiveram as mesmas em relação às expectativas do mercado. “As dez grandes áreas continuam lá, mas elas estão pegando algumas coisas [singularidades] agora na pandemia”, esclarece.
Desemprego e especialização
O atual cenário da pandemia também evidenciou um outro lado da moeda: o desemprego. O Brasil ultrapassou a marca de 13 milhões de desempregados, segundo dados do IBGE do terceiro trimestre do ano passado. Porém, Tania avalia que a busca por especialização não garante carteira assinada. “O problema não é só por conta da pandemia; o desemprego é um problema estrutural”, avalia.
Sobre especializações, Tania avalia como inconstantes. “A especialidade que te ajuda hoje pode não te ajudar depois; tem especialidade que a gente tá jogando fora e as que estamos criando agora”, finaliza.
Fonte: Jornal da USP
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