Uma das maiores refinarias de ouro do Brasil perdeu nesta semana um importante certificado internacional de boas práticas socioambientais. A Marsam, de São Paulo, foi removida pela Iniciativa de Minerais Responsáveis da lista pública de fundições e refinarias consideradas em linha com as melhores práticas de fornecimento. Com isso, a empresa deverá perder clientes importantes no mercado internacional.
De acordo com a Associated Press, a decisão ocorreu depois de uma reportagem mostrar as ligações da Marsam com um intermediário acusado pelo Ministério Público de comprar ouro extraído ilegalmente de Terras Indígenas e outras áreas protegidas. Um ex-sócio da Marsam, o empresário Dirceu Frederico Sobrinho, foi preso no mês passado sob acusação de lavagem de dinheiro relacionada à comercialização de ouro de origem ilegal.
A Iniciativa de Minerais Responsáveis existe há uma década e é encabeçada por grandes empresas do setor, com o objetivo de destacar aquelas que asseguram a origem do metal processado e vendido ao mercado internacional.
Pelos padrões autorregulatórios definidos pela coalizão, uma empresa pode deixar a lista das com boas práticas se falhar na conformidade dessas regras, que vão desde a não realização de due diligence em sua cadeia até a falta de controle sobre a legalidade de documentos apresentados por fornecedores.
A direção da Marsam nega irregularidades e afirmou que pretende recorrer da decisão. A empresa tinha prestígio no mercado internacional, a ponto de ter sido a fornecedora do ouro utilizado para confeccionar as medalhas dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. No entanto, especialistas já levantavam desde aquela época a falta de controle efetivo da empresa sobre a origem do metal processado. g1 e UOL repercutiram a notícia.
Em tempo: Ainda sobre Dirceu Frederico Sobrinho, O Globo trouxe mais informações sobre as investigações que levaram o “Rei do Ouro” à cadeia. A Polícia Federal está apurando a movimentação de R$ 2 bilhões de uma de suas empresas, a FD Gold, que pode ter sido feita para “lavar” carregamentos de ouro extraído ilegalmente de Terras Indígenas na Amazônia.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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