Marcelo Mota abordou n’O Globo o esforço de um grupo de investidores para aproveitar a febre dos NFT – non-fungible tokens, “tokens não-fungíveis” – para angariar recursos para a conservação da Amazônia. Por essa estratégia, os proprietários de terras na região amazônica teriam uma alternativa à venda ou ao arrendamento delas para atividades de exploração econômica com a venda de títulos digitais que embutem um compromisso de preservação da floresta (ou, em alguns casos, até mesmo a venda da propriedade em questão).
Em meados de fevereiro, um trecho de 111 hectares no sul do Pará foi negociado a R$ 1,5 milhão através de NFTs, sendo que cada hectare valia um NFT. Os lotes foram vendidos em três partes com 50 NFTs cada. Os novos proprietários podem acompanhar a situação de seu naco de floresta quase em tempo real, por meio de imagens de satélite.
O problema é que a coisa não é assim tão simples. “Essas iniciativas são positivas, mas têm que ser ligadas a um projeto de desenvolvimento sustentável na região”, explicou Gustavo Pinheiro, do iCS. “Essas empresas vendem a preservação da Amazônia, mas entregam algo que não necessariamente garante a reversão do desmatamento em escala, que é o que a gente precisa. A gente não precisa de preservação de pedacinhos da Amazônia”.
Por falar em NFT, Um Só Planeta abordou alguns problemas associados aos “tokens não-fungíveis” para o meio ambiente e o clima. Por exemplo, a mineração digital dos NFTs, tal como é o caso do bitcoin, demanda uma quantidade grande de energia, o que, dependendo da matriz que fornece a eletricidade necessária para a operação, pode representar a liberação de um volume alto de carbono na atmosfera.
Em tempo: “Este é o superano para a natureza”, afirmou Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional, em entrevista ao Valor. Ele se refere às negociações no âmbito da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica em torno de um novo acordo global para ampliar a proteção do meio ambiente e de espécies ameaçadas de extinção. Esperançoso, a despeito dos tropeços políticosdos países nessa discussão, Lambertini disse que um eventual acordo pode representar “a transformação da nossa relação com a natureza”.
Fonte: Clima Info
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