Atirando para tudo quanto é lado para baixar os preços dos combustíveis e dar sobrevida a suas pretensões eleitorais, o presidente da República acabou criando (mais) uma dor-de-cabeça para o Itamaraty. Desta vez, o presidente brincou com o principal vespeiro da diplomacia internacional dos últimos meses: o conflito entre Rússia e Ucrânia no Leste Europeu.
A Rússia tem oferecido seus combustíveis fósseis para outros mercados, principalmente na Ásia, como uma maneira de manter as vendas e aliviar o impacto econômico das sanções internacionais. Para facilitar, os russos estão dando descontos no valor do barril e condições mais flexíveis para pagamento das remessas – o que é música para os ouvidos do presidente brasileiro.
Ao que parece, pelo menos nas palavras do próprio, os dois lados já negociam os termos de uma venda de diesel a preços mais baixos para o Brasil. “Estamos bastante avançados na questão do fornecimento de diesel para o Brasil. O preço mais barato. Quantos por cento? Não sei. Quanto mais barato, melhor”, disse o presidente no domingo (17/7). A Folha repercutiu essa notícia.
O timing do anúncio não deve ter agradado o Itamaraty, já que ontem, um dia depois dessa fala, o presidente teve uma conversa telefônica com o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelenski. Não se sabe se o tema fez parte da conversa, mas o presidente ucraniano deixou claro que gostaria de ver o Brasil se alinhando aos Estados Unidos e à União Europeia nas sanções contra a Rússia por conta da guerra.
“Informei [ao presidente brasileiro] sobre a situação no front. Discuti a importância de retomar as exportações de grãos ucranianos para prevenir uma crise global dos alimentos provocada pela Rússia”, escreveu Zelenski no Twitter. “Eu peço a todos os parceiros comerciais que se unam às sanções contra o agressor”.
CNN Brasil, Estadão, Folha, g1, O Globo e VEJA, entre outros, abordaram a conversa entre os presidentes de Brasil e Ucrânia. Já Fernanda Ribeiro explicou no site O Petróleo os principais obstáculos que o Brasil deve enfrentar caso queira mesmo importar mais diesel da Rússia.
Texto publicado originalmente por Clima INFO
Comentários