A peixe-boi Paty foi resgatada, ainda filhote, em 2014, no litoral norte do estado de Alagoas, na praia de Pratagy. As equipes do ICMBio do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), da APA Costa dos Corais e do Instituto Biota de Conservação perceberam que seu estado de saúde inspirava sérios cuidados.
Cinco anos depois, mais forte, Paty foi transferida para a área de Porto de Pedras, onde ficaria num recinto de aclimatação para que fosse preparada para ser devolvida à natureza. Os planos eram para que, em 2021, a fêmea fosse reintroduzida na vida selvagem. Entretanto, antes disso, os veterinários se depararam com uma surpresa.
Após passar algum tempo com o macho Raimundo, Paty acabou engravidando. Decidiu-se então pelo adiamento da soltura.
A equipe do Projeto Peixe-Boi monitorou toda a gravidez e para a alegria de todos, na madrugada da última terça-feira, 26/04, nasceu o filhote: uma fêmea, medindo 95 cm e pesando cerca de 12 kg.
“É um animal abaixo do tamanho médio de um filhote de peixe-boi marinho e, por isso, estamos observando com bastante cuidado o comportamento delas. A mãe também é de primeira viagem, então, estamos revezando equipes 24 horas para o monitoramento. O vínculo agora é muito forte, o animal fica muito no dorso, por cima da calda da mãe. Elas estão isoladas em um recinto, afastadas de outros animais. Estamos tentando interagir o mínimo possível”, explica a veterinária Alexandra Costa.
Segundo a equipe, esta é a primeira vez que se registra o nascimento da espécie em cativeiro. Em geral, isso só acontece sete anos após a soltura. E o ocorrido irá permitir maior compreensão sobre o processo de gestação e desenvolvimento da espécie para os especialistas.
“Significa esperança para o equilíbrio ecológico e o desejo de que um dia os seres humanos compreendam o quanto ela é importante para o meio ambiente e para vida de muitas pessoas, colaborando até mesmo com o desenvolvimento econômico da região. Estamos felizes demais. Gratidão a todos os parceiros e equipes. Eles sim, são os responsáveis por essa conquista”, ressaltou Roberta Carvalho, chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais*.
Veja o vídeo:
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O pai da filhote, Raimundo, já foi solto, em novembro do ano passado, no rio Tatuamunha.
Nas redes sociais, a equipe da APA Costa dos Corais lançou uma campanha para escolha do nome da peixe-boi recém-nascida. Os internautas puderam escolher entre os nomes de três personalidades alagoanas: Zeza do Coco, Mestre Irinéia e Dona Flori.
Quando soubermos o nome vencedor, compartilhamos com você aqui!
Ameaçado de extinção
Extremamente dócil, o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) é um gigante das águas. Pode chegar a pesar 600 quilos e medir até 4 metros de comprimento.
Infelizmente, a espécie está ameaçada de extinção. Segundo a organização internacional União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que classifica animais em risco de desaparecer, o peixe-boi-marinho é considerado vulnerável.
No Brasil, o peixe-boi-marinho pode ser encontrado ao longo do litoral Norte e Nordeste, do Amapá até Alagoas. Entretanto, especialistas estimam que existam apenas mil indivíduos neste trecho da costa, um número bastante pequeno, que gera preocupação.
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais é uma unidade de conservação brasileira localizada entre os municípios de Rio Formoso, no litoral sul de Pernambuco, e Maceió, capital do estado de Alagoas
Fonte: Conexão Planeta
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