Representantes de mulheres Yanomami entregaram ao presidente eleito ontem (12/12) uma carta descrevendo a situação dramática vivida pelas aldeias indígenas na Terra Yanomami, em Roraima.
O texto destaca o “verdadeiro caos sanitário” causado pelo colapso no atendimento médico aos indígenas e o sofrimento imposto pelos garimpeiros que atuam ilegalmente dentro da reserva.
“Os rastros de garimpeiros fazem crescer a malária. Antes, quando não tinha tantos garimpeiros, as doenças eram poucas. Em algumas regiões do território Yanomami, nossas crianças estão morrendo por malária, desnutrição, pneumonia e até por infestação de vermes”, diz o texto. “Tire os que estão invadindo a Terra Yanomami. Faça as operações para tirar os garimpeiros e suas máquinas.”
49 Mulheres da Terra Yanomami assinaram as cartas
A carta foi assinada por 49 mulheres de 15 comunidades na Terra Yanomami e foi redigida durante o XII Encontro de Mulheres Yanomami, realizado na Missão Catrimani, em Caracaraí. A entrega do documento ao presidente-eleito foi intermediada pela Hutukara Associação Yanomami, que vem alertando há mais de um ano sobre o drama das comunidades indígenas na reserva. g1, Folha de Boa Vista e TV Cultura repercutiram o documento.
Doenças, violência e fome também têm afligido outras comunidades indígenas da Amazônia. O Amazônia Real publicou o relato do jovem Beka Munduruku, da Terra Sawré Muybu, na região do Tapajós. Em carta aberta endereçada a Lula, Beka descreveu como a intensificação do garimpo nos territórios indígenas também resultou no colapso dos sistemas alimentares tradicionais das comunidades, causado pela poluição dos rios com mercúrio.
“Enquanto houver garimpo ilegal contaminando os rios da Amazônia, a fome vai se alastrar entre os Povos Indígenas, presidente, porque nós dependemos dos rios, da terra, da floresta viva. É preciso interromper esse ciclo de destruição e morte que nos cerca”, escreveu Beka.
Em tempo: Ainda sobre a Terra Yanomami, o g1 reportou que a Polícia Federal está investigando se pistas clandestinas de pouso do garimpo dentro da reserva também seriam utilizadas por traficantes de drogas. De acordo com a reportagem, a suspeita surgiu após duas grandes apreensões de skunk em regiões de intensa atividade garimpeira em Roraima. “Há indícios fortes de que o tráfico de drogas está usando o modal aéreo que serve para o apoio ilegal ao garimpo na Terra Indígena Yanomami”, afirmou o delegado João Paulo Correia, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado (DRCOR).
Texto publicado originalmente por CLIMA INFO
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