Mineração
A mineração enquanto atividade econômica enfrenta um impasse. Por um lado, o impacto ambiental da exploração mineral é significativo, o que tem tornado comunidades em todo o mundo mais avessas a projetos do tipo, mesmo com promessas de desenvolvimento econômico. Por outro, o impulso para a transição energética depende fundamentalmente de minérios e metais que precisarão ser retirados do solo, o que garante a sobrevivência do setor no contexto da mudança do clima e de seu enfrentamento. Mas como sair dessa arapuca?
Poucos lugares resumem tão bem os dilemas da mineração como o Brasil. O setor segue sendo um importante empregador e exportador, especialmente no interior do país. Ao mesmo tempo, a imagem pública da indústria mineradora segue suja pela lama das barragens rompidas de Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais. A instrumentalização do setor pelo governo Bolsonaro na defesa do projeto que libera a mineração em Terras Indígenas reforçou o mal-estar público.
O Valor explorou alguns pontos do panorama da mineração no Brasil. Pensando no futuro, as principais empresas tentam avançar com novas práticas de gestão e de negócio que reduzam o impacto negativo sobre o meio ambiente e a comunidade local. Investimentos em energia limpa, modernização tecnológica e a exploração de minérios importantes para a indústria de baterias, como o lítio, estão na ordem do dia do setor.
No entanto, a indústria mineradora ainda escorrega quando o assunto é o monitoramento das barragens de rejeito Brasil afora: pelo menos 11 estruturas precisam de algum tipo de intervenção para garantir a segurança de seu entorno. Outro ponto é a questão da mineração em Terras Indígenas. As grandes mineradoras, como Vale e Anglo American, já pularam do barco do PL. O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), que representa as gigantes do setor, segue contrário à proposta apresentada pelo governo Bolsonaro. No entanto, os pedidos de pesquisa e lavra mineral em áreas indígenas seguem se acumulando nas gavetas da Agência Nacional de Mineração (ANM), o que mostra que a questão deverá perseguir a indústria mesmo depois do atual governo.
Em tempo: O Ministério Público Federal (MPF), junto com os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, protocolaram na semana passada um ofício ao Conselho Nacional de Justiça para encerrar formalmente as negociações em torno do acordo de indenização pela tragédia de Mariana, ocorrida em novembro de 2015. No documento, os representantes estaduais e do MPF assinalaram que as empresas Samarco, Vale e BHP Billiton estão “em absoluta dissonância com a premência e a contemporaneidade da imprescindível e efetiva reparação e compensação devidas às pessoas atingidas e à sociedade”. Agência Brasil, O Globo e Poder360 deram mais informações.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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