O número é impressionante, mas não surpreendente: mais de 97% dos alertas de desmatamento emitidos pelo MapBiomas não foram averiguados pelo governo federal desde 2019. O dado é do Monitor de Fiscalização do Desmatamento, uma nova ferramenta digital desenvolvida pelo MapBiomas, em parceria com o Instituto Centro de Vida (ICV) e o Brasil.io.
De janeiro de 2019 a março de 2022, apenas 2,17% dos alertas de desmatamento validados pelo MapBiomas tiveram resposta de fiscalização do poder público. A área abrangida por essas ações representa apenas 13,1% do total desmatado nos últimos três anos. O Pará é o estado com a pior relação entre área sob alerta de desmate e com ação de fiscalização – menos de 2% dos alertas de desmatamento validados pelo MapBiomas para o estado geraram algum tipo de ação governamental.
Os motivos para isso são diversos. Primeiro, a política antiambiental promovida pelo atual governo federal enfraqueceu os órgãos de fiscalização, que perderam orçamento e pessoal, e passaram os últimos anos sob assédio institucional explícito por parte do presidente da República. Como reflexo, o desmatamento explodiu nos últimos anos, o que obviamente dificulta a atuação dos agentes do IBAMA e ICMBio, que ficam forçados a cobrir uma área mais vasta de desmate. Sem falar na desestruturação do processo de autuação ambiental por parte do governo federal, que travou a análise e a cobrança de multas ambientais com a criação de uma etapa de “conciliação” que nunca saiu efetivamente do papel.
g1, O Globo e Folha destacaram os principais pontos da análise do Monitor de Fiscalização do Desmatamento, lançado ontem pelo MapBiomas.
Fonte: Clima Info
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