Helicópteros, lanchas, carros importados, mulheres, festas regadas a bebida cara com shows de duplas sertanejas famosas. Essa é a vida de Márcio Macedo Sobrinho, sócio da empresa M.M.Gold, investigada pela Polícia Federal por conexão com garimpo ilegal em Terras Indígenas na Amazônia.
A Folha mostrou alguns indícios coletados pela PF sobre os luxos do empresário. Segundo os investigadores, ao menos parte dessa “boa vida” foi financiada com dinheiro sujo: estima-se que a empresa tenha movimentado cerca de R$ 16 bilhões em ouro ilegal nos últimos anos, com lucro líquido de R$ 1,1 bilhão. O Fantástico (TV Globo) também exibiu imagens da operação e deu mais detalhes sobre a farra dos “barões do ouro ilegal”.
A ilegalidade é um aspecto problemático da cadeia do ouro no mercado brasileiro. O Jornal Nacional (TV Globo) citou dados de um levantamento do Instituto Escolhas apontando para indícios de origem ilegal para quase a metade do ouro comercializado no país.
Os criminosos se aproveitam não apenas da fiscalização frágil em campo, nos garimpos, mas também na venda da mercadoria para joalherias e consumidores: a documentação associada a cada carregamento de ouro ainda é física, no papel, sem possibilidade de análise da origem do produto pelos compradores.
Enquanto isso, a PF realizou uma operação na 6a feira (8/7) contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Xipaya, no sudoeste do Pará. Os agentes cumpriram dois mandados de busca e apreensão em Novo Progresso, que resultaram na coleta de telefones celulares e outros equipamentos eletrônicos. Em abril passado, um grupo indígena denunciou a presença de garimpeiros no território, que depois foram retirados pela PF da região e, em seguida, liberados. A notícia é do g1.
Já em Porto Velho (RO), uma operação antigarimpo na região da usina de Santo Antônio terminou com enfrentamento entre policiais e garimpeiros. De acordo com o g1, os agentes tentaram deter os criminosos, mas a embarcação da polícia acabou sendo atingida por outro barco e emborcada. Ninguém ficou ferido.
Em tempo: O deputado estadual George Melo, autor da lei que proibe a destruição de maquinário de garimpo apreendido em operações de fiscalização em Roraima, disse a uma rádio que o poder público local teria uma “dívida histórica” com os garimpeiros! É isso mesmo: para ele, essa turma fará de Roraima o estado “mais rico do mundo”. Curioso é que, a despeito de décadas de garimpo desenfreado no estado, inclusive com anuência de autoridades locais, Roraima continua sendo um dos mais pobres e subdesenvolvidos do Brasil. Noves fora a destruição ambiental, a violência contra os indígenas, os conflitos fundiários, a presença do crime organizado etc. Conta outra, deputado!
Texto originalmente publicado em Clima INFO
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