A capital do Pará leva favoritismo pela proximidade do governado Helder Barbalho com Lula, enquanto Manaus apresenta melhor estrutura para realizar o evento
O alinhamento político do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), com o presidente eleito Lula, além de uma infraestrutura urbana bem desenvolvida entre as capitais da região Norte, fazem de Belém a cidade com mais chances de sediar, em 2025, a COP da Amazônia. O pré-anúncio da conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil foi feito pelo próprio presidente eleito, durante sua participação na COP27, realizada em novembro no Egito.
Este foi o primeiro compromisso internacional do petista. Na ocasião, o Brasil teve a oportunidade de apresentar ao mundo suas propostas de reconstrução da política ambiental, em especial para a proteção da Floresta Amazônica, após quatro anos de crescimento da devastação no governo de Jair Bolsonaro.
Tão logo foi feito o anúncio, surgiram as especulações sobre qual cidade amazônica receberia o evento de proporções internacionais, o que exige uma boa infraestrutura e logística de mobilidade para receber pessoas de todo o mundo, incluindo chefes de Estado e de governo. Ao Helder Barbalho estar presente no anúncio da COP da Amazônia, todas as apostas ficaram centradas em Belém.
Apesar da força política de Helder ante o futuro governo Lula, e a considerável estrutura urbana da capital paraense, Belém tem outra forte concorrente: Manaus. Conhecida como a “capital da Amazônia”, a capital do Amazonas já tem a expertise de receber grandes eventos internacionais, incluindo encontros sobre meio ambiente.
Em termos de estrutura urbana e hoteleira, a capital amazonense tem a herança de ter sido uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 – apesar de não ter ficado com nenhum legado expressivo no quesito mobilidade. O que desfavorece um possível pleito para receber o evento da ONU é o alinhamento do governador reeleito, Wilson Lima (União Brasil), com Bolsonaro.
Nos dois turnos das eleições de 2022, ele foi o principal cabo-eleitoral do atual presidente no Amazonas. Mesmo assim, Lula foi o mais votado no estado, assim como no Pará. Juntas, Manaus (2.2 milhões de habitantes) e Belém (1,4 milhão) são as metrópoles da Amazônia. Mesmo com este título, as duas cidades não são a melhor referência em termos de sustentabilidade urbana.
No Ranking do Saneamento 2022, elaborado pela Trata Brasil, Manaus e Belém ocupam as derradeiras posições no ranking dos 100 municípios brasileiros com melhores coberturas dos serviços de distribuição de água potável e tratamento do esgoto; a capital amazonense está na 89o posição, enquanto a capital paraense fica na 96o.
Em Manaus, pouco mais de 24% do esgoto da cidade recebem algum tipo de tratamento; em Belém, esse percentual é bem pior: 3,61%. Ou seja, a maior parte do esgoto produzido pelas duas cidades vai parar nos rios e igarapés que as banham in natura.
Outro problema notório vivido pelos dois estados é o desmatamento do bioma amazônico dentro de seus territórios. Já há décadas o Pará ocupa as primeiras posições no ranking de áreas de floresta derrubada. O Amazonas, que até bem pouco tempo passava despercebido nesse tipo de análise, agora chama a atenção pelo avanço do desmate.
Portanto, muito mais do que se apresentar como detentor da maior parte da cobertura florestal amazônica no continente, o Brasil precisará, primeiro, fazer o dever de casa para de fato se apresentar como um país verde e sustentável.
Fonte: O Eco
Comentários