Alerta vermelho para importadores de soja que se dizem comprometidos com o combate ao desmatamento: no estado principal produtor desta commodity agrícola no Brasil – o Mato Grosso – 92% dos 500 mil hectares de vegetação nativa destruídos nos últimos 11 anos em fazendas de soja foram ilegais, ou seja, feitos sem as autorizações dos órgãos ambientais.
Mais da metade se deu em apenas 15 municípios, 8 destes no bioma Amazônia e 7 outros no Cerrado. Os dados são do estudo “Soja e desmatamento ilegal: estado da arte e diretrizes para um protocolo ampliado de grãos em Mato Grosso”, do Instituto Centro de Vida (ICV), o qual analisou dados coletados de agosto de 2008 a julho de 2019.
O g1 trouxe os principais dados da pesquisa e o Guardian aprofunda a história, explicando como os fazendeiros conseguiram driblar a Moratória da Soja. Como esta se aplica apenas à soja, eles desmatam para abrir área para pastagens, milho ou outras commodities. Além disso, “apenas as áreas específicas onde a soja é cultivada são monitoradas, não toda a propriedade. Os agricultores já perceberam essa brecha”, explica Raoni Rajão, da UFMG.
As conclusões derrubam as alegações de importadores, sejam eles traders ou do varejo internacional, quanto a soja não estar mais ligada ao desmatamento Amazônia.
Com a China aumentando a produção interna e com legislações de due diligence tramitando na Europa e nos EUA, além do Manifesto da Soja do Reino Unido lançado na última conferência do clima, produtores do Mato Grosso tendem a ficar reféns de mercados marginais, com legislações menos restritivas, mas que também compram menos soja, #ficadica.
O estudo está disponível em Português e em Inglês.
Em tempo 1: Uma análise de postagens feitas no Twitter pelas 25 empresas que assinaram a Declaração de Nova York sobre Florestas (NYDF) mostra que três quartos delas mencionaram o desmatamento. Porém, a proporção é pequena: do total de 17.103 tweets relacionados a questões ambientais ou sociais, apenas 4% mencionaram “desmatamento” e mais de 60% desses foram compartilhados por apenas três empresas. Mais detalhes podem ser conferidos no site da Forest500, responsável pelo estudo.
Em tempo 2: Cerca de 500 pecuaristas do Mato Grosso com irregularidades ambientais em suas propriedades receberão apoio do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) para resolverem suas pendências e serem reintegrados à cadeia produtiva. O Globo Rural traz os detalhes.
Em tempo 3: Fornecedores de óleo de Palma da Nestlé foram flagrados em violações de Direitos Humanos no Pará que incluem grilagem de terras, violência contra quilombolas e indígenas, trabalho infantil e danos ambientais. O Joio e o Trigo conta a história completa.
Fonte: ClimaInfo
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