Via Conexão Planeta
Em 2017, a imagem de um macaco compartilhada em grupos de fotógrafos de vida selvagem nas redes sociais chamou a atenção de especialistas. O animal, registrado no Santuário de Kinabatangan, em Sabah, na Malásia, não parecia pertencer a nenhuma espécie conhecida pela ciência. Seria uma nova talvez?
Agora, cinco anos depois, um grupo de pesquisadores acredita ter descoberto a solução do mistério. O macaco, sabe-se que é uma fêmea, provavelmente é um híbrido, resultado do acasalamento entre duas espécies de primatas distantes, a Nasalis larvatus e a Trachypithecus cristatus.
O indivíduo, que vem sendo fotografado em diferentes oportunidades ao longo desse tempo, apresenta características das duas espécies: o nariz protuberante, mas de tamanho menor do macaco-narigudo e a mesma cor do pelo, bege, assim como a pelagem longa e grossa e a estatura do langur-prateado.
“A hibridização interespecífica em primatas é comum, mas a hibridização entre espécies de primatas simpátricos distantes é raramente observada na natureza”, dizem os cientistas em artigo científico publicado na International Journal of Primatology.
Simpatria é a existência de duas ou mais populações em uma mesma área geográfica, sem a ocorrência de cruzamentos entre os indivíduos dessas diferentes populações.
Como resolveram o mistério do macaco
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram as imagens tiradas do macaco misterioso desde quando era um filhote, quando foi flagrado em 2017, até a mais recente, de 2020, quando se confirmou que era uma fêmea, que parecia estar já com um filhote. Fizeram várias comparações de tamanhos de membros das duas espécies e outras características físicas.
Os cientistas acreditam que a fêmea misteriosa seja filha de um macho de macaco-narigudo com uma langur-prateada.
Infelizmente, suspeita-se que o acasalamento entre as duas espécies diferentes pode ter ocorrido pela perda e fragmentação de habitat provocada pela expansão do cultivo de óleo de palma na região. Confinados em áreas cada vezes menores, os animais não encontram pares da mesma espécie para se reproduzir.
Texto publicado originalmente em Conexão Planeta 14/06/2022
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