Dos nove estados da região, o petista lidera em 4; mesmo número do atual presidente. Tocantins tem empate técnico no limite da margem de erro
A disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) continua tão acirrada quanto o começo da campanha, em 15 de agosto. Esse é um dos resultados das mais recentes pesquisas de intenção de voto para presidente da República, realizadas pelo Ipec nos estados da Amazônia Legal. Levantamento de ((o))eco aponta que as vantagens tanto de Lula quanto de Bolsonaro variam conforme cada um dos estados da região.
Dos nove, Lula aparece na frente em quatro; em outros quatro estados, é o atual presidente quem lidera, e sempre com ampla vantagem. O único empate dentro do limite da margem de erro acontece no Tocantins, com o petista numericamente na primeira posição. Essa vantagem de Lula chama a atenção por o Tocantins ser um dos principais centros do agronegócio do país, setor este majoritariamente pró-Bolsonaro.
Lula também aparece na liderança nos dois maiores colégios eleitorais da região: Pará e Amazonas. Por sinal, as capitais Belém e Manaus foram as duas únicas da região visitadas pelo petista em sua campanha, até agora. O ex-presidente também lidera as pesquisas no Amapá e no Maranhão.
Por sua vez, Jair Bolsonaro assegura o favoritismo nos mesmos estados que lhe renderam as maiores votações proporcionais na disputa de 2018. São eles Acre, Rondônia, Roraima e Mato Grosso.
Nestes estados, o bolsonarismo ainda representa uma grande força eleitoral por estarem ligados ao agronegócio, ao garimpo e à atividade madeireira. No caso particular do Acre, o sentimento anti-PT, após 20 anos de hegemonia política no estado, também pode explicar a vantagem.
Para o cientista político Israel Souza, do Instituto Federal do Acre (Ifac), em Cruzeiro do Sul, é pouco provável haver uma explicação única para o favoritismo de Bolsonaro nos diferentes estados da Amazônia onde ele lidera as pesquisas. De acordo com Israel, os contextos políticos, sociais e econômicos de cada um dos estados precisam ser levados em consideração para compreender a resistência do bolsonarismo. Todavia, há alguns traços que ajudam a compreender a questão um pouco mais uniforme.
“Aqui na região, esses grupos associados à exploração madeireira, ao garimpo e ao agronegócio, a monocultura, a criação de gado, de uma maneira geral, eles estão ligados ao Bolsonaro. Pelo fato de serem fortes no campo econômico, isso dá a eles uma significativa força política, o que acaba por dar sustentação eleitoral a Bolsonaro”, analisa Israel Souza.
Outro fator apontado por ele é o insucesso das políticas de desenvolvimento sustentável nos estados, elas foram adotadas, em especial no Acre, após os 20 anos de governos petistas. Essas propostas de conciliar crescimento econômico com a exploração sustentável dos recursos florestais não foram capazes de reduzir as desigualdades, nem gerar renda para a população local.
Esse fracasso, ressalta ele, acabou por ser usado pelos adversários políticos para demonizar a agenda de proteção ambiental na região, culpando-a pela pobreza que ainda afeta boa parte da população amazônida.
Em contraponto, esse grupo apresenta o agronegócio, a extração madeireira e o garimpo como as melhores alternativas para o “progresso”, em detrimento da preservação da floresta.
“Isso faz com que essas atividades predatórias acabem figurando como positivas para a população local, capazes de gerar renda. Dessa forma, os adversários de Bolsonaro, que têm uma preocupação ambiental, ficam numa situação delicada e difícil diante dessas propostas que ele traz”, diz Israel Souza.
“Além disso, ainda é importante considerar o fortalecimento dos grupos religiosos vinculados ao neopentecostalismo, que é um grupo bem articulado no campo da política, e que dá muita força ao bolsonarismo na região.”
Em agosto, ((o)) eco já apontava que a polarização entre Lula e Bolsonaro estava ainda mais acirrada entre o eleitorado da Amazônia Legal, com pesquisas divulgadas à época colocando o atual presidente à frente de Lula, mas com empate dentro da margem de erro.
Confira o desempenho de Lula e Bolsonaro por cada um dos estados da Amazônia Legal
BOLSONARO X LULA |
Acre Bolsonaro: 53% Lula: 33% |
Amapá Lula (PT): 43% Bolsonaro (PL): 35% |
Amazonas Lula (PT): 43% Bolsonaro (PL): 36% |
Maranhão Lula (PT): 67% Bolsonaro (PL) 19% |
Mato Grosso Bolsonaro (PL): 45% Lula (PT): 36% |
Pará: Lula (PT): 44% Bolsonaro (PL): 35% |
Rondônia Bolsonaro (PL): 58% Lula (PT): 26% |
Roraima Bolsonaro (PL): 62% Lula (PT): 18% |
Tocantins Lula (PT): 43% Bolsonaro (PL): 39% |
Fonte: O Eco
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