Pela primeira vez desde a confirmação dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, o governo brasileiro é alvo de uma denúncia na ONU citando o episódio no Vale do Javari. Nesta segunda (20/6), numa declaração conjunta submetida à Secretaria do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) destacaram a violência contra as Terras Indígenas.
A reportagem de Jamil Chade, no UOL, reforça o temor de diplomatas brasileiros ouvidos pela Folha de que o brutal assassinato de Bruno e Dom tenha sido também um golpe na imagem brasileira no exterior – talvez o mais forte dos últimos anos. Segundo eles, não se trata apenas da morte de um cidadão estrangeiro em território brasileiro, mas de um contraponto concreto ao discurso de Bolsonaro de ataque à imprensa, descaso com indígenas e entrega da Amazônia a interesses econômicos.
Sob Bolsonaro, Amazônia viu subir o desmatamento, o garimpo ilegal e a violência. Para especialistas ouvidos pelo UOL, a devastação tem sido movida não apenas por ações e omissões do Executivo, mas também por discursos e alianças feitas por Bolsonaro desde antes de assumir o cargo. Na avaliação das pesquisadoras ouvidas, o governo falha em coibir atividades criminosas ao mesmo tempo em que tenta legalizá-las, para que possam ocorrer sem entraves. A médio e longo prazo, as mortes de Bruno e Dom podem afetar, por exemplo, a entrada do Brasil na OCDE.
Outro indicativo de que essa tese pode ser verdadeira são as imagens que circulam nas redes sociais do Papa Francisco com um cocar indígena. Como informa Jamil Chade, no UOL, o Papa recebeu ontem (20/6) os bispos da região da Amazônia, com quem conversou por quase duas horas. No encontro, o pontífice recebeu um relatório sobre a violência na região do CIMI. Ao final, em um gesto simbólico forte, colocou um cocar enviado pelos Povos da Amazônia.
Fonte: Clima INFO
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