A contabilidade do Programa Queimadas do INPE fechou junho com o pior índice de queimadas na Amazônia em 15 anos. Foram 2.562 focos de incêndio no mês, o maior número para os meses de junho desde 2007, e um aumento de 11% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Os números do 1o semestre sintetizam a gravidade da situação: de janeiro a junho, o INPE identificou 7.553 focos de incêndio na floresta, o maior índice para o semestre desde 2019, quando foram registrados 10.606 focos.
Os dados reforçam uma tendência preocupante: desde que o atual governo começou, a temporada de queimadas na Amazônia tem começado sistematicamente com um aumento importante sobre o período anterior.
Em junho de 2019, foram registrados 1.880 focos de incêndio; no mesmo mês, em 2020, 2.248; e, no ano passado, 2.305. Lembrando que a temporada 2019 segue sendo uma das piores das últimas décadas, tendo colocado em evidência o descontrole da política ambiental brasileira ao redor do mundo.
A situação preocupa também no Cerrado: em junho, o INPE registrou 4.239 focos de calor, alta de 1,4% em relação ao mesmo mês do ano passado (4.181) e o pior patamar desde junho de 2010.
O agregado do semestre para o Cerrado é assustador: 10.869 registros de incêndio, índice 13% maior do que o total identificado no 1o semestre de 2021. Correio Braziliense, Deutsche Welle, Estadão, Folha, ((o)) eco, UOL e VEJAdestacaram a escalada dos incêndios na Amazônia e no Cerrado.
O desmatamento também segue em níveis acima da média histórica. O sistema DETER/INPE registrou alertas de desmate para uma área de 882,63 km2 nos 24 primeiros dias de junho, um número menor que os mais de 1.061 km2 registrados no mesmo mês em 2021.
No entanto, o agregado do semestre somou 3.750 km2, o equivalente a mais de duas vezes a área do município de São Paulo, sendo o pior índice desde 2016 para o 1º semestre do ano. Como os dados de junho para o desmatamento ainda estão incompletos, esse total deve aumentar.
O semestre foi marcado por recordes sucessivos de desmatamento na temporada chuvosa da Amazônia, período em que a destruição costuma ser menor. Janeiro (430,44 km2), fevereiro (198,67 km2) e abril (1.026,35 km2) de 2022 registraram os maiores índices para os respectivos meses da série histórica. g1, Metrópoles e UOL repercutiram esta informação.
Em tempo: Tudo o que é ruim pode piorar, como mostram os dados negativos da agenda ambiental sob o atual ministro do meio ambiente Joaquim Leite mostrados pela Folha, ainda piores que os do antiministro do meio ambiente anterior.
Texto publicado originalmente em Clima INFO
Comentários