Uma investigação do Repórter Brasil mostrou que a JBS comprou milhares de cabeças de um produtor que está preso por extração ilegal de madeira e que tem, dentre outras terras embargadas, uma pilha de autuações do IBAMA e processos por trabalho escravo.
Esquema JBS
No sistema da JBS, elas foram registradas como tendo passado apenas por terras sem mácula. Em uma primeira reação, a empresa disse que um ou mais funcionários fizeram parte do esquema.
Ou seja, além de comprar gado de terras recém desmatadas, a empresa diz que seu próprio sistema de controle foi fraudado. Daria até para ela mesma desconfiar, já que, no seu sistema de transparência quanto à origem dos animais, está escrito apenas “fazenda”.
O outro grande frigorífico, Minerva, comprou pouco menos de 700 animais desta fazenda no ano passado. Para o sistema da Minerva, essas fazendas foram bloqueadas “por apresentar irregularidades em 2014, 2016, 2018, 2019 e 2020 e, também, por apresentar sobreposição de polígonos de embargo do IBAMA”.
Perguntada, a empresa disse que está investigando o que aconteceu. As duas, dentre outras do setor, assumiram compromissos de net zero e um sistema de rastreabilidade a prova de bala. Parece que a blindagem falhou.
A investigação do Repórter foi feita com a colaboração do Greenpeace Brasil e da Unearthed. A notícia saiu no Valor, no UOL e, lá fora, na Bloomberg Law.
Em tempo: Mais projetos de REDD+ entraram na mira de investigações. Um grupo de projetos perto de Portel, PA foi devidamente registrado e, segundo o pessoal do Intercept, deve ter recebido algo como US$ 35 milhões. A figura-chefe desses projetos é o americano Michael Edward Greene. O maior problema, como o de muitos desses projetos na Amazônia, é a titulação das terras. A investigação descobriu que dos mais de 700 mil hectares, onde estão os projetos, 200 mil estão sobrepostos em Terras Públicas. A credibilidade dessa categoria de projetos afunda a cada escândalo deste tipo.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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