O cientista Ricardo Galvão acusou o governo Bolsonaro de fazer uma devassa enquanto ele servia como diretor do INPE, no 1o semestre de 2019. Segundo ele, um “grupo de trabalho” foi formado pelo Palácio do Planalto em busca de uma motivação para justificar uma eventual demissão e desmoralizar os dados do INPE sobre o desmatamento na Amazônia. O Globo destacou a informação.
Governo ataca INPE
Na época, o presidente Jair Bolsonaro contestou as informações que indicavam um crescimento do desmatamento nos primeiros meses daquele ano, bem no começo de sua gestão. “A questão do INPE, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos”, atacou Bolsonaro, sem qualquer evidência nem preocupação de prova.
Como sempre, a “convicção” do presidente não se traduziu em qualquer verdade. Pelo contrário: de lá para cá, os dados do INPE e de todos os sistemas de monitoramento do desmatamento mostram uma explosão do ritmo de devastação sob o atual governo, que registrou os piores índices em mais de uma década.
“Nessa época, recebi a ligação de uma funcionária do ministério. Ela estava chorando, e disse que um grupo de trabalho do governo estava levantando toda a minha vida para encontrar algo contra mim e forçar minha demissão. Ela também disse que até meu telefone estava grampeado”, escreveu Galvão em sua conta do Twitter. “Não encontraram nada e foram obrigados a me demitir, passando pela vergonha de ser um governo que agride a ciência”.
Em tempo: A turma antiambiental terá bastante força na próxima legislatura do Congresso Nacional. Um levantamento do Farol Verde, operado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e destacado pela Folha, mostrou que os partidos políticos tradicionalmente mais reticentes à agenda ambiental terão 213 cadeias na Câmara, o que representa mais de 41% do total daquela Casa; nessa lista, estão siglas como PL, PP, União Brasil, NOVO, PTB e Solidariedade. Na outra ponta, os partidos com maior compromisso ambiental (Rede, PCdoB, PT, PSOL, PSB, PV, PDT, Avante e Cidadania) contarão com 137 das 513 cadeiras da Câmara, cerca de 26% do total.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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