A junção de energia mais cara, cadeias desestruturadas de fornecimento de alimentos e eventos climáticos extremos está colocando a humanidade à beira de um desastre humanitário de proporções históricas. Ao longo do último mês, especialistas e representantes de agências humanitárias e da ONU alertaram que os efeitos acumulados desses processos estão colocando milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, especialmente no continente africano. Sem medidas adicionais dos países mais ricos para mitigar esses impactos, a tragédia pode deixar de ser uma possibilidade e entrar no campo da inevitabilidade.
Como a Economist explicou, um dos principais fatores por trás dessa “crise em cima de crise” é a guerra entre Rússia e Ucrânia, dois dos principais produtores de trigo, cevada e milho do mundo. No caso ucraniano, a produção agrícola nacional foi completamente desorganizada pelo conflito, com a paralisação de campos destruídos e do transporte, inviabilizado por portos fechados. Além disso, o governo ucraniano acusa a Rússia de roubar parte dos carregamentos que estavam estocados nos portos ao leste do país, a área mais afetada pela guerra até agora. A escassez de alimentos é mais sentida na África e no Oriente Médio, principais consumidores da agricultura ucraniana.
Já no caso russo, a principal questão está nas sanções internacionais impostas por Estados Unidos, União Europeia e aliados contra o governo de Vladimir Putin. Essa penalização também fechou a porta para a venda das commodities agrícolas russas para boa parte do mercado internacional. Outro problema é o transporte dessas mercadorias: muitos portos ocidentais deixaram de receber navios de bandeira russa por conta das sanções, o que tem causado problemas logísticos.
Para piorar, outros produtores globais de itens de primeira necessidade, como China e Índia, estão revendo suas metas de produção agrícola para baixo, por conta, respectivamente, dos efeitos da pandemia e da forte onda de calor que ainda assola boa parte do subcontinente indiano. Os Estados Unidos, outro grande produtor agrícola global, também sofre com o clima extremo, já que o inverno foi mais seco que o normal e a primavera, mais úmida.
O Estadão publicou uma tradução da matéria da Economist. O Financial Timestambém destacou o fantasma da fome.
Fonte: Clima INFO
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