A manutenção do apoio político ao bolsonarismo nos estados da Amazônia Legal é um desafio para preservação do bioma
Com muitos governadores dos nove estados da Amazônia Legal eleitos na esteira da onda bolsonarista das eleições de 2018, a tendência é que a maioria seja reeleita em 2022. É o que apontam as mais recentes pesquisas do Ipec compiladas pelo ((o))eco. Além da vantagem política de deter o controle da máquina estadual, alguns continuam no embalo da popularidade de Jair Bolsonaro (PL), que demonstra resistência em parte do eleitorado da região.
Apesar de alguns dos candidatos à reeleição se apresentarem como aliados do bolsonarismo, eles não exploram à exaustão a imagem do presidente em seu material de campanha, seja nas redes sociais ou nos programas eleitorais. A principal estratégia deles é apresentar as realizações de seus governos nos últimos três anos e nove meses, e culpando a pandemia da Covid-19 por não terem feito mais.
Mesmo em estados onde Bolsonaro aparece à frente de Lula (PT), nas pesquisas, os governadores preferem focar o conteúdo da campanha nas questões locais, falando diretamente com o eleitor de seus estados. Exemplo disso acontece no Acre, em Mato Grosso, em Rondônia e em Roraima.
No caso de Gladson Cameli (PP), do Acre, Antônio Denarium (PP), em Roraima, e de Mauro Mendes (União Brasil), em Mato Grosso, se ancorar na imagem presidencial parece até dispensável diante da ampla vantagem deles sobre os adversários. A se confirmar os números do Ipec, os três podem ser reeleitos já no primeiro turno.
Já o coronel Marcos Rocha (União Brasil), em Rondônia, enfrenta com outro bolsonarista, o senador Marcos Rogério (PL), o espólio de Bolsonaro, que tem, entre os eleitores rondonienses, 58% da preferência, contra 26% de Lula. Ao contrário de 2018, Rocha tem explorado pouco o fato de ser um militar igual ao presidente, sendo o candidato mais identificado com o bolsonarismo no estado, rendendo-lhe a vitória então.
Rocha pode ter que ir para o segundo turno contra Marcos Rogério, que se apresenta como o candidato oficial de Bolsonaro em Rondônia por ser do mesmo partido, o PL. Quem também precisará de mais tempo para assegurar a reeleição é Wilson Lima (PSC), no Amazonas. Oficialmente, é o candidato do presidente por o PL integrar a coligação. No Amazonas, porém, Lula aparece à frente.
No caso de Lima, a crise de saúde ocasionada durante o auge da pandemia da Covid-19, mais os escândalos de corrupção com o uso das verbas destinadas para o enfrentamento ao coronavírus, arranham a sua popularidade. O tema é um dos mais explorados pelos adversários na campanha.
Já pelas bandas da Amazônia oriental, Helder Barbalho (MDB) nada de braçada num banzeiro de popularidade no Pará. Conforme a pesquisa Ipec, a sua intenção de votos chega a 72%. Na disputa presidencial, ele afirma estar neutro, mesmo com Lula à frente nas análises; a neutralidade é uma forma de não criar atritos com a executiva nacional do MDB, com a candidatura de Simone Tebet. O senador bolsonarista Zequinha Marinho (PL) patina com 16%.
Situação confortável também tem Carlos Brandão (PSB) no Maranhão. A elevada aprovação de Lula no Nordeste o torna o favorito na disputa, mas precisando de um segundo turno para permanecer na cadeira de governador. Ele assumiu o posto após a renúncia de Flávio Dino (PSB) para concorrer ao Senado. A boa avaliação de Dino também favorece a vantagem de Brandão.
Quem também virou governador com o bonde andando foi Wanderlei Barbosa (Republicanos), no Tocantins. Ele assumiu os rumos políticos do estado em março deste ano, após o afastamento de Mauro Carlesse, pelo Superior Tribunal de Justiça por denúncias de corrupção. Com a máquina do estado nas mãos, Wanderlei figura à frente nas pesquisas, com 45%. Para presidente, ele afirma ser neutro por PT e PL terem candidatos a governador no Tocantins.
O Amapá é o único da Amazônia Legal a não ter o governador concorrendo à reeleição. A disputa está entre o ex-prefeito de Macapá, Clécio Vieira (Solidariedade) – com chance de vencer no primeiro turno, com 50% das intenções –, e Jaime Nunes (PSD). Assim como no Tocantins, Clécio, oficialmente, não apresenta seu candidato à Presidência nas campanhas. No Amapá, Lula lidera as pesquisas.
E assim, mesmo com as chances de Lula assumir o Palácio do Planalto em 2023, o espólio bolsonarista ainda sobreviverá na Amazônia Legal, com a reeleição de governadores que compartilham das mesmas posições ideológicas do atual presidente, incluindo uma agenda ambiental mais branda, em favor do agronegócio. A correlação de forças entre Lula na Presidência e bolsonaristas nos estados tende a ser o desafio para a política de preservação da Floresta Amazônica nos próximos anos.
Confira como está a disputa para governador na Amazônia Legal
Acre
Gladson Cameli (PP): 54%
Jorge Viana (PT): 25%.
TRE AC-03861/2022
Amapá
Clécio (SDD): 50%
Jaime Nunes (PSD): 36%
TRE AP-04681/2022
Amazonas
Wilson Lima (União): 34%
Amazonino Mendes (Cidadania): 26%
TRE AM-01902/2022
Maranhão
Carlos Brandão (PSB): 41%
Weverton Rocha (PDT): 20%
TRE MA-04923/2022
Mato Grosso
Mauro Mendes (União): 60%
Márcia Pinheiro (PV): 15%
TRE MT-07150/2022
Pará
Helder Barbalho (MDB): 72%
Zequinha Marinho (PL): 16%
TRE PA-08652/2022
Rondônia
Marcos Rocha (União): 38%
Marcos Rogério (PL): 27%
TRE RO-00204/2022
Roraima
Antônio Denarium (PP): 50%
Teresa Surita (MDB): 37%
TRE RR-07152/2022
Tocantins
Wanderlei (Republicanos): 45%
Ronaldo Dimas (PL): 17%
TRE TO-09696/2022
Fonte: O Eco
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