Depois de mais de três anos paralisado, o Fundo Amazônia pode voltar a funcionar já em janeiro, depois da posse do presidente-eleito Lula. Essa é a expectativa do ex-governador do Acre, Jorge Viana, coordenador do grupo de transição na área de meio ambiente do próximo governo, confirmada ao Valor.
De acordo com Viana, Alemanha e Noruega podem liberar os R$ 3,3 bilhões atualmente bloqueados no Fundo nos primeiros dias da nova gestão. Esses valores estão parados desde julho de 2019, quando o governo Bolsonaro perdeu uma queda-de-braço com os países doadores acerca da aplicação dos recursos; na época, o governo defendia a utilização desse dinheiro para indenizar proprietários de terra.
Retomada Fundo Amazônia
A retomada rápida do Fundo Amazônia deve facilitar, ainda que momentaneamente, o esforço do próximo governo para recuperar as políticas ambientais do Brasil depois da “boiada” bolsonarista. O cenário geral é bastante dramático, como assinalou a ex-ministra Marina Silva, que também participa do grupo de transição sobre meio ambiente.
“É um desafio muito grande que está posto. O que está posto é a recuperação pós-guerra de todos os setores da política pública”, afirmou Marina, citada pelo Metrópoles.
Outra ex-ministra, Izabella Teixeira, deu mais detalhes sobre a situação crítica do setor ambiental do governo federal. Em conversa com a Rede Brasil Atual, ela classificou a gestão Bolsonaro no meio ambiente como responsável pelo maior colapso orçamentário dos últimos 35 anos.
“Há uma falência da máquina pública e não creio, pelo que nós estamos ouvindo dos outros grupos, que seja um ‘privilégio’ da área ambiental. É na realidade um legado desse governo”, disse.
Esse desafio será especialmente sentido na Amazônia: alvo das promessas mais ambiciosas de Lula para o meio ambiente, como a eliminação do desmatamento ilegal até 2026, o bioma está sendo deixado pelo atual presidente bastante devastado. O Guardian destacou as dificuldades que o novo governo deverá enfrentar nos próximos meses e anos, principalmente o avanço do crime organizado na rede de ilegalidades ambientais da floresta.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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