As chuvas extremas que provocaram um final de ano trágico na Bahia castigam Minas Gerais nesses primeiros dias de 2022. Apenas entre 2ª e 3ª feiras, o estado registrou mais dez mortes em decorrência dos temporais. 145 cidades estão em alerta para rompimento de barragens e deslizamentos, enquanto moradores de áreas de risco são orientados a deixar suas casas.
Com 121 pontos de bloqueio em rodovias e com a chuva arrastando lavouras e animais, o setor agropecuário mineiro passa por um momento de grande fragilidade, com riscos de gargalos no abastecimento local, como informa a Globo Rural.
Em Governador Valadares, o Rio Doce ultrapassou a régua que marca a cota de inundação, e a Defesa Civil alerta que o nível pode chegar a 4,5 metros nesta terça (11). Estadão, Folha, UOL, Agência Brasil e CBN fazem uma ampla cobertura da situação crítica em vários pontos do estado.
Mas nem todo mundo se importa. O atual presidente da República repete com os mineiros a indiferença que demonstrou com as vítimas da Bahia, notou Lauro Jardim n’O Globo. Quem também não está nem aí é a mineradora francesa Vallourec, que opera a Mina Pau Branco, entre Brumadinho e Nova Lima. Até agora a empresa não deu explicações sobre o acidente com o dique que transbordou, enchendo a BR-040 e arredores de lama. O governo de Minas multou a Vallourec em R$ 288 milhões pelo acidente e paralisou as atividades no local até que a companhia apresente provas de estabilidade das estruturas. Prudência que faltou um ano atrás, quando o governo do estado garantiu uma licença ambiental “pá-pum” para que a Vallourec aumentasse a pilha de rejeitos exatamente na mina que transbordou. O Observatório da Mineração deu com exclusividade a informação.
E não é de hoje que tanto o governo mineiro como o federal estão distribuindo canetadas e se lixando para os riscos da mineração – o Intercept Brasil conta que apenas 6 meses após a tragédia de Brumadinho, um projeto bilionário da chinesa SAM foi autorizado em uma de regiões mais secas do estado. A geringonça prevê minas 90 vezes maiores do que as do acidente de 2019 e um mineroduto que atravessará o estado da Bahia (que nem foi consultado) até o litoral.
Em tempo: Como todos querem saber o que causou o acidente em Capitólio, jornalistas questionaram Romeu Zema se o baixo nível da represa de Furnas não teria relação com o evento e, em uma resposta surpreendente, o governador colocou a culpa nos ambientalistas. Segundo seu raciocínio, a baixa produtividade (prevista pelos ambientalistas) das Usinas de Belo Monte, no Pará, e Santo Antônio, em Rondônia, é culpa dos próprios ambientalistas que lutaram contra as obras. E mais: apesar de todos os ambientalistas estarem há anos alertando para o impacto das mudanças climáticas sobre o regime de chuvas e, por consequência, sobre a capacidade hidrelétrica do país, e pressionando os diversos governos para investir em fontes renováveis de energias para evitar uma crise energética, também é culpa deles que as termelétricas estejam todas ligadas. O Estado de Minas traz os detalhes da desconversa.
Fonte: ClimaInfo
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