O encontro no Acre foi intermediado pelo ex-diretor-presidente do instituto ambiental. O setor saiu de três madeireiras em 2019 para 22 ativas
Enquanto o Acre registra, desde 2019, elevado crescimento em suas taxas de desmatamento da Floresta Amazônica, o governador do estado e candidato a reeleição, Gladson Cameli (PP), realiza agenda de campanha com os madeireiros para afirmar que, caso reeleito, trabalhará para desburocratizar as normas estaduais que regulamentam a atividade.
O encontro foi intermediado pelo ex-diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente e Análises Climáticas do Acre (Imac), André Hassen, cuja atribuição é conceder licenças e fiscalizar as madeireiras em operação.
Não é a primeira vez que Cameli se aproxima do setor. Em outubro de 2020, o governador Gladson Cameli nomeou a ex-presidente do sindicato dos madeireiros, Adelaide de Fátima Oliveira, para ocupar a diretoria-executiva do Imac, que é o segundo cargo mais importante dentro da autarquia.
Adelaide de Fátima responde a processo na Justiça Federal por falsidade ideológica, aquisição de madeira sem a devida licença de autorização e por criar empecilhos em ações de fiscalizações ambientais.
As denúncias foram feitas pelo Ministério Público Federal (MPF), que também expediu recomendação para o governo exonerar a ex-representante do setor madeireiro do cargo de chefia do instituto de meio ambiente por considerar que a sua nomeação representava conflitos de interesse.
Mesmo com a recomendação do MPF, Gladson Cameli decidiu mantê-la no cargo. O afastamento só aconteceu em fevereiro de 2021, após sentença do juiz Raimundo Nonata da Costa Maia, 3o Vara Criminal de Rio Branco, determinar a exoneração justamente pelo critério de conflito de interesse.
Em pleno período eleitoral, o próprio ex-diretor-presidente do Imac, que em tese deveria manter a isonomia de função por assinar licenças, determinar fiscalizações e eventuais punições a atividades de elevados impactos ambientais, organiza encontro político do governador candidato à reeleição com representantes do setor madeireiro.
Conforme noticiado pelo site ac24horas, o encontro do governador intermediado por Hassen reuniu 20 madeireiros. O ex-diretor do Imac enalteceu o boom da atividade madeireira no Acre neste primeiro mandato de Cameli.
Segundo ele, o setor saiu de três madeireiras em 2019 para 22 ativas no momento. Ainda de acordo com ele, o setor responde por uma participação de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) acreano.
Paralelo a isso, é também desde 2019, quando Gladson Cameli assumiu a cadeira de governador, que o Acre apresenta crescimento recorde em suas taxas de desmatamento da Floresta Amazônica. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos últimos três anos o Acre tem uma área de floresta desmatada de 2.259 km2. No triênio anterior, o desmatamento foi de 1.038 km2. Os dados do Inpe indicam que 2021 foi o pior em registro de desmatamento dos últimos 18 anos.
Durante a reunião do dia 29 de agosto, o governador Gladson Cameli fez novas sinalizações para o setor madeireiro. O candidato à reeleição falou que não vai atrapalhar a vida dos empresários e vai reduzir a burocracia.
Fonte: O Eco
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