Se tem uma coisa com a qual o atual governo brasileiro se acostumou nos últimos anos é pagar mico no exterior por incompetência própria. O constrangimento mais recente aconteceu nesta 5ª feira (21/7), durante evento da Secretaria Geral Ibero-Americana, em Madri (Espanha), sobre os Povos Indígenas da América Latina e do Caribe. O presidente da FUNAI, Marcelo Xavier, foi cobrado publicamente por um ex-servidor pela irresponsabilidade de sua gestão à frente da entidade. Ao invés de responder às críticas, Xavier preferiu abandonar o evento.
“Esse homem é um miliciano, não representa a Fundação Nacional do Índio. É um assassino, um miliciano, é amigo de um governo golpista que está ameaçando a democracia no Brasil”, acusou Ricardo Rao, que foi colega do indigenista Bruno Pereira na FUNAI até o começo do atual governo. “Ele [Xavier] é responsável pela morte de Bruno e Dom [Phillips]”. Rao vive na Europa desde sua saída da FUNAI, no final de 2019, após receber ameaças e ter outro colega, Maxiel Pereira, assassinado em Tabatinga (AM) em circunstâncias ainda não esclarecidas pela polícia.
“A milícia controla hoje a FUNAI”, acusou Rao em entrevista a Jamil Chade no UOL. “Sempre recebemos ameaças. Bruno recebeu, eu recebi e até minha mãe recebeu. Agora, a diferença é que as ameaças se cumprem. Quem faz a ameaça acha que pode matar”. O mico do presidente da FUNAI na Europa teve destaque na imprensa brasileira, com reportagens no Correio Braziliense, Estadão, Folha, g1 e O Globo, entre outros veículos.
Sobre as investigações acerca das mortes de Bruno e Dom, Vinicius Sassine informou na Folha que a Justiça do Amazonas justificou a transferência de Amarildo Oliveira, o “Pelado” para Manaus pelo risco de criminosos tentarem resgatá-lo na delegacia de Atalaia do Norte (AM), onde ele vinha sendo detido. Além de “Pelado”, a Polícia Federal também transferiu outro suspeito, Rubens Villar Coelho, o “Colômbia” (apontado como possível mandante do crime) para a superintendência da corporação na capital amazonense. Outros dois suspeitos, Oseney Oliveira e Jeferson Lima, seguem detidos em Atalaia do Norte, mas devem ser encaminhados a Manaus nos próximos dias.
Em tempo: “Se o Brasil continuar no caminho de destruição da floresta amazônica, colocará em risco sua candidatura à OCDE e arriscará produzir consequências catastróficas para os esforços globais que buscam evitar os piores efeitos da crise climática”, alertaram Maria Laura Canineu e Anna Livia Arida, da Human Rights Watch, em artigo no Valor. Elas destacaram que a OCDE definiu a proteção ambiental e dos Povos Indígenas como item prioritário em seu roadmap para a adesão do Brasil à entidade e que governos e organizações da sociedade civil estão atentos à atuação do governo brasileiro nestes temas.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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