Por Suzana Camargo
Criada em 2018, a Maxwell/Hanrahan Foundation tem como principal objetivo apoiar cientistas, professores, conservacionistas e inovadores cujas “perspectivas diversas nos permitem descobrir coisas novas sobre nós mesmos e nosso mundo”. No ano passado, a fundação lançou o “Field Biology Award”, uma premiação para reconhecer e estimular o trabalho de jovens pesquisadores na área das ciências biológicas, com projetos em campo. E este ano, entre os cinco escolhidos para receber o prêmio de US$ 100 mil está o biólogo brasileiro Pedro Peloso.
Formado pela Universidade Federal do Espírito Santo, Peloso possui mestrado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA)/Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e doutorado em Biologia Comparada pelo American Museum of Natural History, de Nova York. E desde 2015 é professor do curso de pós-graduação em Zoologia da UFPA/MPEG, além de ser um dos diretores do Instituto Boitatá.
Com apenas 37 anos, o biólogo, que também é um fotógrafo de natureza autodidata, já tem uma longa carreira dedicada ao estudo, documentação e conservação de fauna, com foco maior em anfíbios. Peloso possui mais de 40 artigos científicos publicados e descreveu diversas novas espécies de animais, incluindo anfíbios, lagartos e aves, a grande maioria delas da Amazônia.
“Faço bastante uso de dados genéticos e anatômicos para fazer esses estudos e descrições. Também pesquiso muito sobre evolução de padrões de distribuição, de características morfológicas, anatômicas e comportamentais desses animais”, contou ele ao Conexão Planeta. “Recentemente eu tenho atuado mais também na comunicação científica, fazendo uso da minha fotografia para compartilhar histórias da natureza, como alguns artigos que escrevi para a National Geographic falando sobre anfíbios ameaçados e serpentes na Ilha de Alcatrazes”.
Além dos estudos sobre fauna na Amazônia e na Mata Atlântica, no Brasil, o pesquisador já realizou expedições em localidades remotas, desde os Andes peruanos até regiões montanhosas no Vietnã.
Uma curiosidade sobre o Field Biology Award é que os ganhadores são indicados anonimamente por indivíduos convidados pela Fundação Maxwell/Hanrahan e posteriormente selecionados por um comitê formado por profissionais da área da biologia. Ou seja, o brasileiro não tinha a mínima ideia de que estava concorrendo. “Eu só soube quando recebi um e-mail da fundação dizendo que gostaria de marcar uma reunião comigo. E aí num encontro virtual eles me informaram do prêmio. E obviamente que eu fiquei sem reação, realmente muito surpreso”, diz. “Foi uma felicidade enorme, tanto pela surpresa como pelo prêmio de prestígio internacional”.
Para Peloso, esse é um reconhecimento enorme para a importância da pesquisa e um incentivo para continuar nessa linha de atuação. “É um estímulo para continuar a me dedicar e empenhar, especialmente nesse momento tão difícil no Brasil para o setor”.
Este não é o primeiro prêmio recebido por ele. Entre 2014 e 2015 a defesa de sua tese foi considerada a melhor daquele ano pela Sociedade Brasileira de Zoologia e em 2019 ganhou o título de “Future Leader in Amphibian Conservation” (Futuro Líder na Conservação de Anfíbios), da Amphibian Survival Alliance, umas das maiores organizações globais voltadas à conservação de anfíbios.
Agora o brasileiro segue em um novo desafio. Ao lado da esposa, Silvia Pavan, que também é bióloga, e dos filhos pequenos, está de mudança para os Estados Unidos. Os dois profissionais irão trabalhar na Humboldt State University, na Califórnia. Mas mesmo longe do país, pretendem continuar os estudos sobre a biodiversidade daqui. “A nossa ideia é continuar colaborando com universidades brasileiras e as pesquisas no Brasil”.
Texto publicado originalmente em Conexão Planeta 13/12/2021
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