Bicentenário
O Brasil celebrou ontem (7/9) seu bicentenário com boa parte do país coberta pela fumaça das queimadas na Amazônia. As correntes de vento que tradicionalmente levam a umidade da floresta amazônica para o Centro-Oeste e o Sudeste trouxeram a pluma gerada pelos incêndios que afligem a floresta há mais de um mês.
Imagens de satélite feitas pelo sistema Copernicus, da agência espacial europeia, mostram a formação de um “corredor de fumaça” no sul da Amazônia, uma das áreas mais afetadas pelo fogo, se estendendo até o norte do Paraná. A fumaça também atingiu outros países, como Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Paraguai. Folha, g1, MetSul e O Globo destacaram a informação.
Em menor grau, o fenômeno repetiu o que aconteceu em agosto de 2019, quando a intensificação das queimadas amazônicas, associadas à chegada de uma frente fria, causaram uma “noite diurna” na grande São Paulo. Como naquele ano, os incêndios florestais em 2022 estão em patamares bem acima da média histórica.
Em agosto, a Amazônia registrou mais de 33,1 mil focos de incêndio, o maior número para o mês desde 2010. No último domingo (4/9), foram identificados3.393 focos, o pior índice para um dia de setembro.
Os dados parciais de setembro seguem na mesma linha. Nos cinco primeiros dias deste mês, a Amazônia somou quase 15 mil focos de incêndio, com três dias consecutivos registrando mais de 3 mil focos diários, o que não acontecia desde 2007. De acordo com o INPE, que faz esse levantamento por satélite, o atual mês de setembro já registrou quase 90% do total de queimadas totalizadas no mesmo mês no ano passado. Folha e Valor deram mais informações.
A explosão das queimadas pode estar refletindo dois aspectos: primeiro, a seca causada pelo La Niña em algumas áreas da Amazônia, o que facilita a disseminação descontrolada de focos de incêndio propositais; e o temor dos desmatadores com a possibilidade de Bolsonaro perder as eleições, o que estaria gerando uma “queima de estoque”, com o perdão do trocadilho, para destruir o máximo possível antes do final deste governo.
“Isso era esperado, pois esse período pré-eleição parece que a sensação é de tudo ou nada. Esses dados são reflexo da sensação de impunidade em que a Amazônia se encontra”, afirmou Ane Alencar, do IPAM, ao jornalista Carlos Madeiro (UOL).
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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