Montante alcançado por meio da iniciativa Inatú Amazônia é fruto da mobilização de oito associações e duas cooperativas
Com quatro anos de existência, o Projeto Cidades Florestais (PCF) celebra a marca de R$ 4,3 milhões em produtos comercializados, tanto óleos vegetais como madeira manejada, via iniciativa Inatú Amazônia entre 2019 e 2021. A iniciativa tem suas ações desenvolvidas pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, junto a associações e cooperativas do Amazonas.
O marco foi alcançado após ações de apoio à produção, gestão e comercialização junto a 10 organizações sociais: oito associações – AACRDSU, APFOV, ASAGA, ASPACS, APADRIT, ASPROC, Associação Comunitária Espírito Santo do Bate-Papo, Associação de Desenvolvimento Comunitário do Sítio Fortaleza; duas cooperativas, CODAEMJ e COPRONAT. Estas organizações sociais atuam em territórios variados, como Unidades de Conservação Estaduais, Federais e Assentamentos da Reforma Agrária em nove municípios do Amazonas: Apuí, Carauari, Itapiranga, Lábrea, Novo Aripuanã, São Sebastião do Uatumã, Silves, Tefé e Uarini.
Para a atividade de fomento ao manejo florestal comunitário madeireiro é importante destacar a parceria junto ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). Por meio da parceria, a iniciativa apoiou a exploração e comercialização de madeira em toras em dois planos de manejo comunitários em várzea na RDS Mamirauá. Já para a madeira beneficiada, outros dois planos de manejo comunitários, um na RDS do Uatumã e outro na Resex Ituxi, contribuíram para o atingimento dos valores comercializados, tendo, ainda, o plano de manejo da RDS do Uatumã obtido a certificação florestal FSC.
Segundo Louise Lauschner, analista de Marketing e Vendas do Idesam, são associações em momentos distintos, mas todas integraram a inicitiva. “A Aspacs (Associação dos Produtores Agroextrativistas da Colônia do Sardinha) se fortaleceu e se estruturou com essas comercializações. Já a AACRDSU (Associação Agroextrativista das Comunidades da RDS do Uatumã) não comercializava óleos e, hoje, já alcançou mais de R$ 58 mil, graças à miniusina de óleos gerida por eles, que está possibilitando empregos e melhorias no o valor dos produtos do extrativismo”, afirma ela, ressaltando que, antes disso, os extrativistas precisavam sair da RDS Uatumã, onde a AACRDSU está localizada, para procurar compradores para produtos como a resina de breu. “Hoje, tem comprador certo, que é a própria associação, que chega a pagar o dobro do valor que antes eles comercializavam a resina na cidade”, complementa.
Outro exemplo importante é da Associação Agroextrativista Aripuanã-Guariba (Asaga), em Apuí. Em 2018, os extrativistas, que residem no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Aripuanã-Guariba, comercializavam óleo de copaíba a R$ 23 o litro para compradores locais e, hoje, após se organizarem como associação, o fazem a R$ 57 — aumento de 147% em cima do valor original – para a ASAGA.
R$ 4,3 milhões para as comunidades
Como o Idesam atua apenas como intermediador, o montante total foi repassado às associações e cooperativas, responsáveis diretas pela produção e comercialização dos itens. “Em relação às associações, é feita uma prestação de contas em assembleias para todos os associados que participam das reuniões. Já em relação ao financiador, são enviados por meio de sistema digital do BNDES relatórios de prestação de contas e de atividades acompanhados por relatório de auditoria independente específica para o projeto. Esse material é avaliado e aprovado pelo banco”, explica Louise.
Sandra Barros, presidente da Aspacs, destaca que as assembleias são uma importante ferramenta de prestação de contas com os associados. “A nossa assembleia acontece de forma anual, com associados e colaboradores. É por meio dela que compartilhamos tudo o que foi comprado e vendido, e o quanto foi arrecadado”, esclarece.
As associações e cooperativas envolvidas também passam por oficinas, onde são apresentados os resultados de vendas.
Mudança de cenário
A Aspacs, de Lábrea, é protagonista na empreitada, com mais de R$3 milhões gerados, principalmente, da venda de andiroba, copaíba e manteigas (murumuru e tucumã). A presidente da associação, Sandra Barros, revela que a parceria com o Idesam, via Projeto Cidades Florestais, trouxe mais segurança na venda dos produtos.
“Nós conseguimos gerar mais empregos na seleção das sementes. Colocamos no mercado um produto de qualidade, que é adquirido pelo consumidor final com uma boa aceitação”, exalta Sandra, ressaltando que a associação segue em busca de novos parceiros para levar os produtos a mais prateleiras, gerando, dessa forma, mais renda para os extrativistas e para a Aspacs. “Com isso, ajudamos a fortalecer a cadeia da andiroba e a preparar o caminho para, futuramente, colocarmos outros produtos à venda”, finaliza.
Em busca de maior autonomia
Satisfeito com o marco alcançado, André Vianna, diretor técnico do Idesam, explica que a Inatú Amazônia representa tanto a marca coletiva, composta por organizações sociais e Idesam, quanto a estratégia e metodologia do instituto nas áreas de assistência técnica e de gestão para cadeias produtivas florestais. “Como próximos passos, estamos analisando e buscando melhorias para a governança e modelo de negócios, ao mesmo tempo que buscamos apoio de financiadores a fundo perdido para prosseguir com o fomento às organizações sociais e suas cadeias. A ideia é reduzir a dependência por recursos externos à cadeia”, explica o gestor.
“Nós entendemos que o manejo florestal madeireiro e o fomento a produtos florestais não madeireiros, como óleos vegetais, são ferramentas importantes para gerar a conservação da floresta, pois isto gera renda e, por consequência, melhorias na qualidade de vida das populações que vivem nessas localidades”, ressaltou André Vianna, na ocasião.
Fonte: Idesam
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