Cem milhões de tubarões são mortos por ano no mundo. Os tubarões e raias têm sofrido reduções populacionais irreversíveis nos últimos anos, especialmente devido à sobre pesca. Embora alguns tubarões e raias sejam capturados incidentalmente pela pesca, muitos deles são direcionados para o comércio. A prática mais conhecida de captura destas espécies é para alimentar o comércio global de nadadeiras (“barbatanas”).
No entanto, o consumo da carne de “cação” aumenta exponencialmente, com o Brasil em destaque como o maior importador mundial da carne de tubarão, e o nono entre as 10 principais nações do mundo que matam mais tubarões. O que as pessoas não sabem é que esses problemas estão interligados: o aumento no consumo da carne de cação no Brasil alimenta o comércio global de nadadeiras (“barbatanas”).
Nos últimos anos, políticas foram implantadas ao redor do mundo (incluindo no Brasil) proibindo a prática cruel do finning, que consiste na retirada e venda apenas das nadadeiras dos tubarões, descartando os corpos no oceano, muitas vezes ainda com vida. No entanto, o crescente consumo de carne de cação em países em desenvolvimento como Brasil e México, têm permitido a continuidade do comércio de nadadeiras, tornando esses países como “lavanderias de barbatanas de tubarão”.
Para agravar a situação, no Brasil não é exigida a rotulagem correta em nível de espécie para tubarões e raias. Nesse caso as espécies são importadas e consumidas apenas como ‘cação’, e algumas vezes erroneamente identificadas como tubarão-azul (Prionace glauca). Isso faz com que muitas espécies criticamente ameaçadas e proibidas de comercialização – como os tubarões-martelo e raias-viola – sejam livremente comercializados sem nenhuma fiscalização. Principalmente porque a maioria da população não sabe que cação é qualquer tipo de tubarão e raia, acham que estão comendo um peixe sem espinhas apenas.
Além disso, a carne de cação tem um preço atrativo para o consumidor, em comparação a outros peixes marinhos, exatamente por virem de pesca indesejada, ou como ‘restos’ do comércio de barbatanas. Um adendo: a carne de tubarão e raia pode ser prejudicial à saúde, uma vez que eles acumulam em grandes quantidades contaminantes orgânicos como pesticidas, metais e derivados de petróleo. Portanto nada tão importante quanto à informação para um país assolado pela escassez.
Como forma de se aprofundar nesse processo para cessá-lo, a Sea Shepherd Brasil propõe a condução de um estudo científico baseado na coleta de informações via ciência cidadã, ação dos voluntários em campo e análise genética com o objetivo de mapear a extensão do comércio da carne de tubarões e raias pelo Brasil e finalmente identificar as espécies envolvidas nesses comércio e seus nomes regionais.
Fonte: CicloVivo
Comentários