Falta de verba e pessoal, sucateamento de equipamentos, ataques políticos do presidente da República e do ministro do Meio Ambiente, e explosão do desmatamento e das queimadas. A vida dos fiscais do IBAMA e do ICMBio não tem sido fácil nos últimos anos. Eles também estão convivendo com vazamentos de informação sobre operações de fiscalização, o que tem anulado operações de combate ao crime ambiental e, por tabela, favorecido os responsáveis por ilegalidades.
No UOL, Maurício Angelo conversou com servidores ambientais frustrados com a incapacidade de manter sigilo sobre ações de combate ao desmatamento, garimpo e grilagem. “Sem o fator surpresa, não conseguimos encontrar as pessoas no local do desmatamento. Podemos até interromper momentaneamente a atividade irregular, mas não é possível punir e responsabilizar ninguém”, observou Wallace Lopes, agente do IBAMA e diretor da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista de Meio Ambiente (Ascema).
Em alguns casos, como a reportagem destaca, o vazamento acontece de maneira aberta e explícita por parte das próprias autoridades. Por exemplo, em maio, o então ministro Ricardo Salles anunciou uma operação de fiscalização em municípios no sul do Pará, desmontando meses de planejamento e inteligência por parte do IBAMA e da Polícia Federal.
Mas a maior parte dos vazamentos acontece de maneira mais discreta, por aqueles que deveriam zelar pela confidencialidade da informação – fiscais e policiais. A PF deflagrou nesta semana uma investigação sobre a conduta do delegado da corporação Everaldo Eguchi, acusado de vazar informações para uma quadrilha que explora ilegalmente manganês no estado do Pará. Aliado de Bolsonaro, Eguchi foi candidato à prefeitura de Belém em 2020. A PF apreendeu uma bolsa com dinheiro vivo em sua residência, com valores em euro, dólar e real. G1, O Globo e Veja repercutiram essa notícia.
Em tempo: Em editorial, O Globo questionou as mudanças recentes na gestão de informações sobre queimadas pelo governo federal. Segundo especialistas, a estrutura montada para o Sistema Nacional de Meteorologia esvazia as atribuições do INPE nas geração e divulgação de dados sobre focos de fogo, o que levanta suspeitas sobre uma tentativa do governo Bolsonaro de controlar essas informações. “O governo decidiu acabar com o protagonismo do INPE, cuja competência no setor é inquestionável. É mais uma tentativa de aumentar o controle sobre a divulgação de números que incomodam – e muito – o Planalto”.
Fonte: ClimaInfo
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