O impacto da seca prolongada e de geadas no Brasil provavelmente será bastante salgado para a agricultura, principal setor exportador do país. A Folha divulgou dados de uma análise da consultoria MB Associados: o prejuízo estimado para o PIB brasileiro é de ao menos R$ 60 bilhões, decorrente da safra menor no campo; do aumento da tarifa elétrica e seus efeitos nos setores industriais e de serviços; e do crescimento da inflação. Sem os impactos adversos do clima, a economia brasileira poderia crescer 5,5% neste ano; no entanto, por causa do clima extremo, o crescimento projetado do PIB é de 4,7%.
A Folha também divulgou uma análise da RPS Capital que sinaliza esse mesmo quadro. Caso a estiagem avance no 4º trimestre deste ano, o Brasil pode entrar em estagflação – ou seja, estagnação econômica combinada com aumento da inflação. O principal risco é colocado pela geração elétrica, caso esta siga prejudicada pela queda nos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas no Sudeste e Centro-Oeste (o que é quase certo). Isto exigiria o acionamento contínuo das termelétricas na virada de 2021 para 2022, com custos mais altos para os consumidores. Além disso, esse cenário praticamente selaria a possibilidade do Brasil enfrentar um racionamento de energia em 2022.
No campo, a produção agrícola pode ter um prejuízo ainda maior caso as chuvas não voltem em quantidade no final deste ano. O Valor destacou a situação dos produtores de cana-de-açúcar, que se preparam para a pior colheita em dez anos. Situação similar também é vivida pelos produtores de laranja: a seca prolongada no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais, junto com as geadas dos últimos meses, prejudicaram a produção. Os estoques de suco de laranja concentrado e congelado do maior conglomerado do setor estão 33% menores na comparação com o ano passado.
Fonte: ClimaInfo
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