Uma análise conduzida por pesquisadores do LabGama da Universidade Federal do Acre, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do InfoAmazonia comparou os dados de queimadas na Amazônia com os de contaminação e internação pelo novo coronavírus no ano passado. Os dados revelaram como a poluição decorrente das queimadas teve um efeito crônico perverso, com os municípios da região do “arco do desmatamento” sofrendo uma explosão do número de casos de COVID-19. Segundo o estudo, a fumaça das queimadas esteve relacionada a um aumento de 18% nos casos graves de COVID-19 (aqueles que envolveram internação hospitalar) e de 24% em internações por síndromes respiratórias nos cinco estados com maior ocorrência de fogo na Amazônia no ano passado: Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Pará.
A situação mais grave aconteceu em Rondônia: o estado teve o maior aumento de internações relacionadas à fumaça das queimadas durante a temporada de queimadas de 2020. No pior mês, em setembro, a população experimentou 26 dias com índices de poluição bem acima de patamares seguros. Essa exposição deixou as pessoas com 66% mais chances de internação em hospital por complicações da COVID-19.
O Mato Grosso experimentou um cenário ainda mais delicado: além das queimadas amazônicas no norte, o estado também sofreu com os incêndios históricos que consumiram o Pantanal no ano passado. Poconé, na divisa com o Mato Grosso do Sul, foi líder no ranking de municípios mais afetados pelo aumento de internações relacionadas a material particulado em todo o período de queimadas.
Em tempo: n’O Globo, Ana Lúcia Azevedo traçou um panorama das queimadas em todo o Brasil. De Norte a Sul, o cenário é desalentador: imagens de satélite mostram um país ardendo em chamas. A situação é mais desanimadora se considerarmos que ainda estamos em agosto, antes do período tradicionalmente mais seco do ano na maior parte do país, em setembro. Até a última 2ª feira (23/8), 27.942 focos de calor ativos tinham sido detectados pelo INPE em todo o país, com o Mato Grosso liderando os números por estados com 20,3% dos registros (5.671). Na América do Sul, o Brasil é o país que concentra o maior número de queimadas, com 66,2% dos casos.
Fonte: ClimaInfo
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