Uma pesquisa científica realizada no IFMG (Instituto Federal de Minas Gerais) em parceria com a UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) comprovou a robustez dos contêineres marítimos e sua eficácia para a construção de prédios com múltiplos andares para uso residencial ou comercial.
De acordo com o professor do IFMG, Flávio Teixeira de Souza, que assina o artigo em parceria com os pesquisadores da UFOP, Adelmo Magalhães de França Junior e Arlene Maria Cunha Sarmanho, a pesquisa surgiu a partir da constatação de que, apesar da existência de vários trabalhos abordando a concepção arquitetônica da construção com contêineres marítimos, existia uma lacuna no que se refere à avaliação de seu comportamento estrutural.
“Esta avaliação é importante porque, apesar de serem estruturas robustas, os contêineres geralmente são alterados para atender à arquitetura. Estas modificações podem refletir significativamente no seu comportamento estrutural, como indicado pelos resultados de nossa pesquisa”, diz Souza.
Nos casos em que os pesquisadores avaliaram a necessidade de garantir melhor integridade aos contêineres modificados, a solução encontrada foi a associação com estruturas em perfis de aço formados a frio, que podem trazer grande versatilidade aos projetos, sem prescindir da economia.
Souza também afirma que a estrutura modular em contêiner tem outros diferenciais em relação à construção convencional, como a agilidade e o valor. Entre os pontos de atenção está a exigência da instalação de sistemas de isolamento termoacústico. Ainda assim, segundo o professor, estima-se que haja uma redução do custo final da obra de aproximadamente 35%.
“A aplicação prática destas pesquisas é importante para arquitetos, engenheiros e também para a cadeia logística, uma vez que indica a viabilidade de reaproveitamento de materiais que seriam um passivo econômico e ambiental.” Flávio Teixeira de Souza
O pesquisador afirma ainda que no processo construtivo, a obra com contêineres – assim como todas as estruturas metálicas industrializadas – caracteriza-se pelo menor consumo de materiais como areia e brita, menor geração de poeira e menor geração de ruídos.
Souza explica que a vida útil da construção também é maior, sendo que não é necessário demolir a estrutura, apenas transporta-la e reutiliza-la em outro contexto.
Mercado brasileiro
A procura por edifícios feitos de contêineres marítimos tem aumentado exponencialmente. De acordo com o representante comercial da empresa carioca RF Leasing Containers, Fabio Valle, este modelo arquitetônico passou a ser reconhecido como uma opção pelos brasileiros nos últimos cinco anos, sendo ainda mais intensa a partir de 2018.
“O uso de contêineres marítimos para residências virou uma realidade de norte a sul do país, sem distinção de classe. Recentemente, entregamos projetos de kitnets para pessoas que queriam sair do aluguel e também mansões de altíssimo padrão.” Fabio Valle
Valle afirma que os principais atrativos dos contêineres são a possibilidade de uma obra limpa (sem entulhos no terreno), a garantia de manutenção do orçamento total do projeto, a entrega no prazo acordado e a continuação da obra mesmo com as mudanças climáticas (montagem dentro da fábrica).
“Até alguns anos atrás nós tirávamos dúvidas dos clientes e fazíamos esse trabalho de conscientização sobre os benefícios do modelo. Hoje, a maioria deles chega com um projeto pronto e com a certeza de que querem uma casa feita com contêineres”, diz.
Ainda segundo o representante comercial, a pandemia do novo coronavírus não foi um atraso para o progresso da tendência no Brasil. “Nós tivemos uma procura ainda mais forte no ano passado. Acredito que isso esteja relacionado ao tempo que as pessoas passaram a ter com o home office e lockdown, além da valorização do lar. Os clientes realmente quiseram tirar os planos do papel”.
Fonte: Ciclo Vivo
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