Um grupo pluripartidário de 30 deputados do Parlamento do Reino Unido divulgou uma carta pública na semana passada condenando o governo de Boris Johnson de ser “cúmplice” dos ataques de Jair Bolsonaro ao meio ambiente e aos Povos Indígenas no Brasil. Para os parlamentares, Johnson não está fazendo o suficiente para acabar com o financiamento de atividades econômicas com alto impacto negativo sobre a Floresta Amazônica e os Direitos Indígenas no Brasil, nem restringir a importação de mercadorias brasileiras produzidas por cadeias envolvidas com essa destruição.
“O presidente Bolsonaro está travando uma guerra contra a Amazônia e os Povos Indígenas que a abrigam. Isso é uma catástrofe para o Brasil – e pode significar um desastre climático irreversível para todos nós”, diz a carta. O texto também lembra os projetos de lei 490/2007, que pretende legalizar a mineração e o agronegócio em Terras Indígenas, e 2.633/2020, que amplia os critérios para regularização fundiária, que podem piorar ainda mais a situação. “Pedimos que deixe de atacar a Amazônia, seu Povo e o futuro do planeta – e nos comprometemos a trabalhar em nosso Parlamento para expor e penalizar corporações multinacionais que lucram com esses crimes”. O jornal britânico Independent deu mais detalhes.
Falando em ataques aos indígenas, lideranças dos Povos Tradicionais seguem preocupadas com o resultado da votação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o chamado “marco temporal”, que será retomada nesta semana. Em entrevista ao Globo, o líder yanomami Davi Kopenawa afirmou que uma eventual aprovação da tese pelo STF “vai permitir que continuem roubando nossas terras”. Kopenawa também criticou duramente o governo Bolsonaro por apoiar garimpeiros e impulsionar a destruição dos Territórios Indígenas. “O governo não quer nos proteger”.
No UOL, Rubens Valente assinalou a ironia do momento para o STF: foi a própria Corte que, em 2009, levantou como hipótese jurídica a tese do marco temporal. Passados mais de 10 anos, terá agora que arrumar a bagunça – e lidar com as consequências de sua decisão.
Em tempo: No Valor, Daniela Chiaretti conversou com o antropólogo francês Bruce Albert, que convive com os Yanomami há meio século. Para ele, o momento atual é de longe “a pior catástrofe que vejo em 46 anos”, destacando os ataques do governo Bolsonaro contra os Povos Indígenas e a possibilidade de aprovação do marco temporal: “Se aprovada, será a pseudolegalização de uma política de genocídio dos Povos Indígenas em câmera lenta”, desabafou.
Fonte: ClimaInfo
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