Por enquanto, as promessas feitas por diversos governos no ano passado em favor de uma recuperação econômica verde no pós-pandemia não saíram do papel. Pior: o mundo está caminhando no sentido contrário. O alerta foi feito ontem (10/3) pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), que lançou um relatório sobre os esforços para retomada econômica nos últimos meses. Elaborado pelo Observatório de Recuperação Global (uma iniciativa da Universidade de Oxford com apoio do PNUMA), o documento indica que apenas 2,5% de todos os gastos de recuperação pós-COVID foram efetivamente para ações com “características verdes positivas”, como a redução das emissões de carbono e proteção do capital natural. Por exemplo, considerando que as 50 maiores economias do mundo anunciaram programas econômicos que somaram US$ 14,6 trilhões em recursos, apenas US$ 368 bilhões desse total (2,5%) foram destinados a iniciativas de mitigação da mudança do clima.
Segundo o relatório, a maior parte dos gastos verdes está concentrada em países com histórico de investimentos nesse sentido, com destaque para Alemanha e França. Outros países europeus, como Polônia e Espanha, também anunciaram investimentos significativos por uma retomada verde, ainda que em uma proporção muito menor que a dos recursos destinados para atividades com menor impacto verde. Por outro lado, países como Austrália, EUA, Japão e Reino Unido estão atrás em termos de investimentos verdes para recuperação de suas economias. AFP, Bloomberg, Climate Home e Reuters repercutiram a análise do PNUMA.
Em tempo: Em encontro com o enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, o ministro francês de finanças, Bruno Le Maire, defendeu que a União Europeia negocie um acordo sobre regras comuns para avaliar investimentos verdes. Para Le Maire, uma taxonomia idêntica seria vital para evitar confusões entre dois dos principais mercados financeiros mundiais, além de reforçar a cooperação transatlântica para o clima. Ele também afirmou que EUA e UE precisam discutir em um futuro próximo o uso de instrumentos fiscais, como a taxação do carbono sobre produtos importados de países com alto volume de emissões. AFP e Reuters repercutiram essas falas.
Fonte: ClimaInfo
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