Depois de 16 anos sob a liderança conservadora de Angela Merkel, a Alemanha pode voltar a ser governada pelo Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, principal vitorioso das eleições realizadas no último domingo (26/9). Segundo o resultado oficial preliminar, o SPD obteve 25,7% dos votos, o que lhe garantiria 206 cadeiras no Parlamento alemão, à frente da governista União (CDU/CSU), que ficou com 24,1% dos votos e uma bancada potencial de 196 parlamentares. O futuro do governo alemão passará obrigatoriamente pelas mãos do Partido Verde, que teve seu melhor desempenho eleitoral da história do país, com 14,8% dos votos e 118 cadeiras no Bundestag. O NY Times descreveu o tabuleiro e como a questão climática pode fazer a diferença na montagem do novo governo.
Enquanto os alemães especulam sobre o futuro do país, Merkel caminha para encerrar 16 anos no poder – a chanceler mais longeva no pós-Segunda Guerra. Nesse período, Merkel se transformou na principal liderança política da União Europeia e uma das maiores defensoras da ação global contra a mudança do clima, a tal ponto que ela mesma se autodenominou a “chanceler do clima” para os alemães.
O Climate Home ouviu especialistas e esboçou o legado de Merkel para a questão climática. No plano internacional, sua liderança é inquestionável, especialmente no processo de negociação do Acordo de Paris, em 2015, e nos esforços para mantê-lo vivo durante a era Trump nos EUA. Já no plano doméstico, os avanços foram bem mais tímidos: Merkel pouco fez para reduzir a dependência da economia alemã do carvão, especialmente depois do fechamento de todas as usinas nucleares do país, na esteira do desastre de Fukushima, em 2011. O governo Merkel também tropeçou nos objetivos climáticos do país para esta década, a ponto de sofrer uma derrota na Justiça alemã, que os considerou pouco ambiciosos.
Em tempo: Os resultados da votação na Alemanha indicam que a antipatia de Berlim ao governo Bolsonaro no Brasil deve seguir alta. A possível entrada dos Verdes em uma coalizão governista representa um obstáculo adicional para destravar o acordo comercial Mercosul-UE, em banho-maria desde 2019 por conta da insatisfação europeia com a política ambiental brasileira. Bruno Abbud e Jamil Chade fizeram um panorama do tabuleiro diplomático teuto-brasileiro n’O Globo e no UOL, respectivamente.
Fonte: ClimaInfo
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