Parafraseando certo meme que vira-e-mexe aparece nas redes sociais: namore alguém que te dê o mesmo carinho e atenção que Ricardo Salles dá aos madeireiros e garimpeiros que devastam a Amazônia. A manifestação mais recente de dedicação do ministro do meio ambiente aos criminosos ambientais aconteceu na semana passada. Em conversa com Camila Mattoso na Folha, Salles insistiu na defesa de um grupo de madeireiros alvo de operação da Polícia Federal no final de 2020, que resultou na maior apreensão de madeira suspeita da história do Brasil. Para ele, as acusações de ilegalidade feitas pela PF são incorretas – a despeito dele não apresentar qualquer evidência nesse sentido. Além disso, seguindo um raciocínio no mínimo curioso, Salles alertou para o risco de “demonização” da indústria madeireira, o que “só vai contribuir para aumentar o desmatamento ilegal na região”. A defesa dos madeireiros pelo ministro do meio ambiente (que coisa, né?) também foi destacada por Poder360 e Valor.
Enquanto isso, o desgoverno ambiental liderado por Bolsonaro e Salles está dividindo um naco importante da base de sustentação política e econômica do governo – o empresariado. No Valor, Daniela Chiaretti escreveu sobre a fragmentação do setor em três grupos: o bolsonarista, que não vê qualquer problema no Planalto; na outra ponta, aqueles que nunca foram próximos ao presidente ou que já se afastaram do governo; e, no meio deles, uma maioria descontente e silenciosa, que busca cada vez mais por uma alternativa política a Bolsonaro para as eleições de 2022. Por ora, a movimentação nesse último grupo é discreta, já que alguns temem retaliação por parte de Bolsonaro, mas o descalabro da gestão da pandemia no país e o isolamento político de Bolsonaro nas discussões ambientais no exterior estão piorando a situação. Para eles, a COP26 pode ser o ponto final: se o Brasil não conseguir reverter esse isolamento nas negociações climáticas até o final do ano, a ruptura aberta pode ser irreversível.
Em tempo: N’O Globo, Míriam Leitão escreveu sobre a articulação de 21 governadores brasileiros em torno de uma carta a ser apresentada a Joe Biden no final do mês, com o objetivo de iniciar um diálogo direto com os EUA sobre a ação climática no Brasil. A partir desse canal, os estados querem facilitar a obtenção de recursos internacionais para financiar projetos de mitigação e adaptação climática, driblando eventuais desatinos do governo federal nesse tema. Dos estados brasileiros, apenas os governadores de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e do Distrito Federal não assinaram a carta.
Fonte: ClimaInfo
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