“Vagarosamente, ao longo dos últimos meses e anos, temos sido bombardeados com tantos discursos atrasados e sectários que os faróis da esperança e de um futuro almejado foram sendo apagados e voltados para a pura sobrevivência .”
Augusto Cesar Barreto Rocha
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Em meio a uma guerra, o que mais se busca é a segurança. Em meio a uma pandemia o sentimento não poderia ser muito diferente. Vagarosamente, ao longo dos últimos meses e anos, temos sido bombardeados com tantos discursos atrasados e sectários que os faróis da esperança e de um futuro almejado foram sendo apagados e voltados para a pura sobrevivência. Uma boa parte do tempo presente é dispendido para propor retrocessos econômicos, políticos e sociais. Por outro lado, muitos seguem o trabalho de tentar iluminar as vidas.
A Carta do Rio de Janeiro, do 27º Congresso Mundial de Arquitetos demonstra um farol para um futuro mais brilhante nas cidades. A colocação do pedestre como o “principal protagonista da cidade” me pareceu um ponto fundamental desta construção e é exatamente isso que Manaus carece. Este tipo de documento pode ser fundamental para a transformação de Manaus, caso ele seja seguido integralmente. A oportunidade criada é muito grande. Temos uma realidade própria que pode se beneficiar de muitas formas se este e os demais princípios forem adotados.
Temos uma carência de uma urbanidade amazônica, onde a floresta, os igarapés, as calçadas e o nosso clima convivam em harmonia. Pegar o norte apresentado pela Carta e adotá-la integralmente em Manaus poderá repor a esperança em todos nós. Um início disto começa a ser visto, com a adoção de cores na cidade, em substituição aos cinzas e brancos amorfos. Uma cidade voltada para as pessoas pode trazer uma dinâmica nova.
Temos um grande potencial, mas não usamos este potencial. Está na hora da cidade encontrar um Urbanismo e um Transporte que centre o humano em sua essência: como conseguir caminhar por horas em Manaus? Como criar ruas, ciclovias, avenidas e corredores viários onde o humano seja o privilegiado? Esta transformação é possível e viável a partir de pequenas ações e não de grandes obras. Transformar a cidade com consciência e não pela mera especulação, criando lugares de interações sociais. O convite está feito. Que nossos Arquitetos e Urbanistas ouçam este clamor da Arquitetura-Cidade 21.
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