Se incluíssemos o carbono liberado por incêndios florestais na Amazônia na equação de emissões do Brasil, o total poderia ser até duas vezes maior do que o número oficial. O alerta foi dado por Ane Alencar (IPAM) ao jornalista Rafael Garcia n’O Globo. “Uma coisa é a parte da floresta [que] está sendo derrubada e queimada, que é contabilizada. Mas tem outra parte: o fogo que escapa do desmate e das áreas de pastagem e está entrando na floresta”.
O comentário foi feito a partir dos dados recentes da nova série do MapBiomas sobre a ocorrência de fogo no território brasileiro desde 1985. No que diz respeito à Amazônia, as informações mostram como a pecuária, a extração de madeira e outras atividades ligadas ao desmatamento facilitam focos de incêndio em áreas internas da floresta.
As emissões decorrentes desse tipo de incêndio tradicionalmente não são incluídas no balanço de emissões dos países sob regulação da ONU. Como a reportagem observa, isso gera um anacronismo no caso brasileiro – afinal, os incêndios na Amazônia estão distantes de ser algo natural, mas sim resultado da interferência humana na vegetação.
Em tempo: Lançado com pompa e circunstância em 2019, o Pacto de Letícia pela Amazônia segue distante de tirar do papel os compromissos feitos pelos países amazônicos em torno da proteção da floresta. Formado por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname, o grupo tem como objetivo captar recursos internacionais e implementar projetos de conservação florestal e desenvolvimento sustentável. No entanto, a instabilidade política em países como Colômbia e Peru, junto com o desinteresse de Jair Bolsonaro, acabaram diminuindo o ímpeto da iniciativa. O Globo abordou esse assunto.
Fonte: ClimaInfo
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