O governo publicará uma MP para negociar um empréstimo de R$ 13 bilhões junto a bancos para atenuar o impacto da crise hídrica nas contas das distribuidoras. Os recursos servirão para pagar a geração fóssil e os programas de redução da demanda lançados pelo governo em agosto.
Além dessas despesas que devem terminar no ano que vem, há uma conta de R$ 10 bilhões por ano até 2025 para cobrir o recente leilão de emergência, quando foram contratadas mais térmicas.
Esses bilhões todos serão pagos pelos consumidores e se somam ao financiamento de mais de R$ 14 bilhões que o governo tomou no ano passado para socorrer o setor durante a pandemia. O empréstimo do ano passado somado ao de agora, segundo um analista ouvido pelo Valor, coloca o setor “no crédito rotativo do cheque especial” porque não haveria espaço para outras operações de menor custo.
Já os aspectos físico-climáticos da atual crise hídrica foram analisados em um artigo que acabou de sair na Nature. “Para evitar quebras de safras e o aumento dos custos de energia, o Brasil precisa diversificar as fontes, monitorar a umidade do solo, modelar a dinâmica hidroclimática local e tratar a água como uma prioridade de segurança nacional”, avisam pesquisadores brasileiros logo depois do título.
A mudança climática global e o desmatamento da Amazônia são as principais causas, já que reduzem a quantidade de água transportada pelos rios voadores que nascem na Amazônia e irrigam boa parte do Centro-Oeste e do Sudeste.
Tão ou mais importante do que essas causas naturais, eles dizem que “o fracasso em tratar a água como um recurso nacional essencial levou o Brasil a uma longa história de má gestão”.
Em tempo: O Programa Cisternas está minguando por falta de recursos, desta vez desviados para pagar as emendas parlamentares do Centrão. Ganhador do Prêmio Internacional de Política para o Futuro da ONU, o Programa começou em 2003 e instalou cerca 1,3 milhão de cisternas até janeiro do ano passado, mas está praticamente parado desde então. A Folha localizou depósitos cheios de caixas d’água, canos e o maquinário necessário para a instalação e apurou que “a saída de equipamentos dos depósitos ocorre de forma pontual, com a distribuição feita para pessoas e associações escolhidas a dedo pelos congressistas ‘padrinhos’ das emendas parlamentares que financiaram a compra dos bens”. Vale ver outra matéria da Folha a respeito e a do Brasil de Fato que saiu no começo do ano.
Fonte: ClimaInfo
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