O governo dos EUA demonstrou desconforto com a redução do orçamento brasileiro para ações de proteção do meio ambiente para este ano, pouco depois do presidente Bolsonaro prometer duplicar os recursos destinados à fiscalização e combate ao desmatamento. Folha e O Globo deram detalhes de uma conversa na qual o enviado especial da Casa Branca para o clima, John Kerry, externou sua preocupação com os cortes orçamentários para os ministros Ricardo Salles e Carlos França.
O governo brasileiro tentou colocar panos quentes, minimizando a redução de verba e voltando a prometer mais recursos para ações ambientais nos próximos meses – o que só acontecerá se o Planalto remanejar dinheiro de outras áreas, já que o orçamento federal para 2021 está no limite do teto de gastos.
No encontro virtual também foram debatidos pontos da agenda de negociação para a Conferência do Clima de Glasgow (COP26), programada para o mês de novembro, em particular a regulamentação do mecanismo internacional de comércio de emissões.
Por falar em penúria orçamentária, o general Mourão cobrou do ministério da economia a liberação de recursos para que o Ibama possa contratar brigadistas temporários para atuar nos próximos meses no combate aos incêndios florestais no país. Ele também lembrou que, sem a presença das Forças Armadas na Amazônia, encerrada no último mês, o governo precisa ampliar a presença dos órgãos ambientais na região. G1, Metrópoles e Valor relataram as cobranças de Mourão.
Além da falta de dinheiro, as mudanças recentes nos procedimentos para autuação ambiental também estão dificultando o trabalho dos órgãos federais de meio ambiente. O Estadão destacou a debandada de funcionários do IBAMA e do ICMBio nos últimos dias contrariados com as novas regras e a insistência de Salles em criar mais burocracia para dificultar a emissão de multas ambientais. Para atrapalhar, a Procuradoria-Geral da República ainda não decidiu se renovará a Força-Tarefa Amazônia, criada pelo Ministério Público Federal para apoiar a fiscalização e o combate a ilegalidades ambientais na floresta. A Folha fez um balanço das ações do grupo nos últimos anos e lembrou que o atual chefe do MPF, Augusto Aras, não é entusiasta do modelo de trabalho de força-tarefa.
Em tempo: Em entrevista à BBC Brasil, o ex-ministro e embaixador Rubens Ricupero ressaltou o impacto dos desastres ambiental e epidêmico encabeçados pelo atual governo na imagem internacional do país. Para ele, a “experiência Bolsonaro” coloca um enorme ponto de interrogação sobre a credibilidade do Brasil, que pode perdurar mesmo após o fim desta administração. Para ele, parte do prejuízo imposto por Bolsonaro à imagem brasileira no mundo é irreversível.
Fonte: ClimaInfo
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