O Valor destacou uma avaliação da agência de classificação de risco Moody’s que ressaltou como o agronegócio brasileiro pode sofrer restrições não apenas de entrada de seus produtos em mercados externos, mas também ter problemas na hora de buscar financiamento no exterior. De acordo com a análise, o desmatamento e os riscos associados ao clima já causam problemas reputacionais às empresas do setor no mercado internacional, e a perspectiva de que isso tenha reflexo futuro no sistema financeiro é significativa; ou seja, a obtenção de crédito pode ficar comprometida por causa da exposição do agro brasileiro ao desmatamento e às emissões de gases de efeito estufa do setor.
Enquanto parte significativa do agronegócio brasileiro segue “em Nárnia”, seus concorrentes internacionais não poderiam estar mais contentes. “Quanto mais o Brasil defende seu direito de destruir a floresta e emitir carbono, mais o lobby agrário europeu encontra motivos para discriminar produtos como a carne e a soja brasileiras”, escreveu Marcio Astrini (Observatório do Clima) n’O Globo.
Para piorar, os EUA aumentaram o tom contra o descontrole do desmatamento no Brasil. Em carta encaminhada ao presidente Joe Biden, oito senadores norte-americanos acusaram o governo Bolsonaro de ser responsável direto pela destruição da Amazônia, por ter “promovido, de forma entusiasmada, políticas extremamente prejudiciais ao meio ambiente”. O texto também lembrou a “boiada” antiambiental em tramitação no Congresso Nacional brasileiro, que pode piorar ainda mais a situação ambiental do país. “A epidemia de desmatamento e de incêndios, não só na Amazônia, mas no Pantanal e no Cerrado, é resultado direto das palavras e das ações de Bolsonaro”. A Folha deu mais detalhes.
Em tempo: Ainda sobre “Nárnia”, o ministro Paulo Guedes cometeu uma bolsonarice ao minimizar o impacto dos incêndios florestais na Amazônia. Em evento para industriais do setor químico, o outrora superministro da economia comparou as queimadas amazônicas com o incêndio que destruiu o telhado da Catedral de Notre-Dame em Paris em 2019. “Conversando com o ministro das finanças deles, eles diziam ‘ah, mas vocês estão queimando a Amazônia’. Eu perguntei: ‘vocês estão queimando Notre-Dame ou vocês não conseguiram proteger Notre-Dame quando ela foi queimada?’. Se vocês estão tendo dificuldades para proteger um quarteirão, imagine proteger uma área que é maior do que a Europa”. Além de comparar laranja com croissant, a fala de Guedes parte de um pressuposto inexistente: ao que se saiba, o presidente Emmanuel Macron não fez campanha em favor da destruição de Notre-Dame, diferentemente do que fez Bolsonaro com a Amazônia. A notícia é do Congresso em Foco.
Fonte: ClimaInfo
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