As estripulias golpistas de Jair Bolsonaro – e seus reflexos no cenário político-econômico do Brasil – conseguiram causar divisões dentro de um dos setores econômicos mais fiéis a seu governo: o agronegócio. Na esteira da articulação recente de empresários e banqueiros, um grupo de entidades do agro publicou na 2ª feira (30/8) um manifesto em defesa das instituições republicanas e contra a “politização ou partidarização nociva” que tomou conta do debate político no Brasil nos últimos meses. O manifesto foi assinado por entidades como ABAG, ABIOVE, ABRAPALMA, Abisolo, Ibá e Sindiveg. Correio Braziliense, CNN Brasil, Estadão, Folha, Metrópoles, O Globo e Poder360, entre outros, destacaram a notícia.
N’O Globo, Fernanda Trisotto e Henrique Gomes Batista deram mais detalhes sobre a divisão. Os principais signatários do texto representam a agroindústria, os que produzem itens de maior valor agregado e com interesses comerciais de exportação. Para eles, as críticas internacionais à política ambiental e à radicalização política de Bolsonaro trazem prejuízo significativo. Já os produtores rurais propriamente ditos, “da porteira pra dentro”, ainda mantêm apoio quase irrestrito ao governo e acompanham a radicalização do presidente.
Em entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura), o presidente da ABAG, Marcello Brito, subiu o tom das críticas ao governo Bolsonaro. “Eu me sinto envergonhado de ser cobrado por gente lá fora [para] cumprir a nossa lei”, disse ele sobre as cobranças internacionais relacionadas à política ambiental brasileira. Brito também sugeriu que mais entidades poderiam ter assinado o manifesto, mas não o fizeram porque suas cadeias de abastecimento dependem “de uma canetada governamental”. Ele também contestou a afirmação de Bolsonaro de que uma eventual derrubada do marco temporal para Terras Indígenas represente o fim do agronegócio brasileiro. “Eu não vi nenhum estudo sério mostrando isso”, disse. “O agro não precisa invadir Terra Indígena para crescer”. O Globo e UOL deram mais informações.
Em tempo: Mesmo sendo o setor econômico mais forte e lucrativo do Brasil, o agronegócio não cansa de pedir ajuda ao governo. Na Veja, José Casado informou que o Palácio do Planalto prepara uma nova rodada de refinanciamento de dívidas da agricultura, o que beneficiaria cerca de dois milhões de produtores rurais com cerca de R$ 15 bilhões em dívidas acumuladas. A renegociação permitiria o abatimento total dos juros e a suspensão de leilões de bens dos devedores.
Fonte: ClimaInfo
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