O desmatamento da Amazônia contribui duplamente para a seca no Sudeste e no Centro-Oeste: menos água é transportada do Atlântico pelos ciclos de evapotranspiração até as nascentes do rios voadores nos Andes e, ao emitir quase 1 bilhão de tCO2e por ano, ajuda a tornar o clima mais seco nesta região. Pedro Cortês, da USP, explicou ao El País que “o que está sendo precificado na conta de luz é o desmatamento da Amazônia”. Cortês também diz que “em agosto de 2020, já sabíamos que a estiagem viria”. A pouca chuva no último verão só aguçou a situação dos reservatórios. Roberto Araújo, do Ilumina, disse ao UOL que “a gente vem assistindo, desde 2014, um esvaziamento constante dos reservatórios. Já estávamos avisados de que teríamos problemas”. O governo, por sua vez, insiste na narrativa de que foi pego de surpresa. Se bem que, lentamente, ela está mudando. O ministro Bento disse ao O Globo que a crise não termina este ano e que será preciso monitorar os próximos anos. Sobre a relação entre o desmatamento da Amazônia e a crise hídrica, vale ver a matéria de Naiara Albuquerque na Galileu.
A consultoria PSR estima em 20% o risco de racionamento e acredita que o risco de blecaute é maior do que o de racionamento. Eles sugerem que o governo tenha pronto um plano de contingência: “A preparação destas medidas não significa que elas serão utilizadas, e sim uma questão de prudência”. O Canal Energia traz mais informações da publicação da PSR, o Energy Report. A MetSul, em consulta com vários meteorologistas, avisa que é grande a chance de que as chuvas de outubro e novembro fiquem abaixo da média histórica. Ao Poder 360, o senador Eduardo Braga disse que também acha que há um risco “seríssimo” de ser preciso decretar um racionamento já no mês que vem.
O impacto da crise na economia e, em especial, na inflação é objeto de duas matérias na Folha: uma sobre a reação das empresas e outra sobre o entendimento do Banco Central. Inflação e economia também são os focos de matérias do Correio Braziliense, CNN Brasil, Colabora. A CNN Brasil publicou outra matéria sobre a reação das empresas.
Manoel Ventura, n’O Globo, conta uma Medida Provisória permite às distribuidoras adiar o pagamento de impostos até o final do ano para aliviar a pressão no caixa da entrada das caras termelétricas fósseis.
Ainda em junho, o governo autorizou aumentar a importação de eletricidade dos vizinhos. O problema, segundo matérias n’O Globo e no Jornal Nacional, é que ela custa 12 vezes mais do que as eólicas e fotovoltaicas no país.
Fonte: ClimaInfo
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